O fim de mais um ano frequentemente nos leva a refletir sobre as resoluções que fizemos para os 12 meses anteriores. É comum que, assim como muitos, você tenha investido em equipamentos de exercício em janeiro, como bicicletas ergométricas ou remos, apenas para vê-los se tornarem cabides de roupa em poucos meses. Mas, por que isso acontece e como podemos mudar esse ciclo?
Uma pesquisa recente da Gallup revelou que sete em cada dez adultos planejam estabelecer metas para o ano seguinte. De acordo com dados da Statista, as resoluções mais populares estão relacionadas à saúde (exercício e dieta) e à economia financeira, o que explica o pico de vendas de equipamentos de ginástica em janeiro. Contudo, estudos mostram que um quarto das pessoas desiste de suas resoluções em apenas uma semana, e mais da metade em seis meses. Após dois anos, apenas 20% conseguem manter suas metas.
Por que falhamos?
A busca pelo autoaperfeiçoamento é uma característica humana. O psicólogo Abraham Maslow colocou a autorrealização no topo da hierarquia das necessidades humanas. Queremos ser a melhor versão de nós mesmos, o que inclui, muitas vezes, a busca por uma melhor condição física. Contudo, o exercício regular demanda força de vontade e disciplina, o que pode ser um grande desafio. Nossa mente evoluiu em uma época em que a economia de energia era fundamental para a sobrevivência, tornando a inércia uma resposta natural. Essa tendência também se estende a outros vícios, como comer compulsivamente ou ingerir grandes quantidades de alimentos açucarados, comportamentos que são contraproducentes no mundo moderno.
Autorregulação: A Chave para o Sucesso
Apesar das dificuldades, temos a capacidade de nos autorregular, superando as tentações diárias para alcançar objetivos a longo prazo. Pesquisas psicológicas indicam que, além de estabelecer metas, é crucial monitorar o comportamento e corrigir desvios. Você já cumpriu dois terços desse processo: estabeleceu uma meta (a bicicleta ergométrica) e notou o fracasso. Agora, é o momento de trabalhar na correção.
Aproveitando nossas Falhas Evolutivas
É possível usar as falhas psicológicas da nossa evolução a nosso favor. Essa prática é conhecida como auto-incentivo, que consiste em modificar nossas escolhas para que as melhores decisões se tornem mais prováveis. Um exemplo é a "falácia do custo irrecuperável", que nos leva a tomar decisões com base em despesas passadas que não podem ser recuperadas. Nesse cenário, o investimento feito na bicicleta ergométrica pode ser um motivador maior para usá-la em casa do que ir à academia, cuja mensalidade pode ser facilmente cancelada.
Também podemos usar as mesmas ferramentas que unidades de análise comportamental do governo utilizam, como o modelo EAST, que visa tornar os comportamentos desejados fáceis, atrativos, sociais e oportunos. Uma bicicleta ergométrica em casa é fácil de usar em comparação com a necessidade de se deslocar até uma academia. Além disso, ela pode ser usada em qualquer horário, sem precisar enfrentar filas para vestiários ou equipamentos. Para torná-la mais atrativa, muitos utilizam o que os cientistas chamam de “agrupamento de tentações”, como assistir à televisão enquanto se exercita. A experiência também pode ser social, como ocorre com a comunidade do ciclismo virtual, com instrutores, placares de liderança e interação.
Recomeçando em 2025
O início de um novo ano oferece uma oportunidade natural para o autoaperfeiçoamento, um fenômeno chamado de “efeito de recomeço”. Psicólogos descobriram que eventos que marcam a passagem do tempo, como aniversários, feriados e o ano novo, nos permitem deixar os fracassos para trás e começar novamente. Portanto, o fim de ano é o momento perfeito para tentar mudar. No entanto, para que isso funcione, é essencial ter estratégias claras para alcançar seus objetivos.
Por Swee-Hoon Chuah e Robert Hoffmann, Universidade da Tasmânia
Este artigo foi republicado de The Conversation sob licença Creative Commons. Leia o artigo original.
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