Veja lista dos 37 indiciados pela Polícia Federal

A Polícia Federal concluiu um dos mais abrangentes inquéritos de sua história, indiciando 37 pessoas por crimes relacionados à tentativa de golpe de Estado e abolição violenta do estado democrático de direito. Entre os apontados pela PF nesta quinta-feira (21) estão o ex-presidente Jair Bolsonaro, seu ex-ministro da Defesa, general Walter Braga Netto, e o ex-ajudante de ordens, tenente-coronel Mauro Cid.

A investigação ainda revelou envolvimento de militares da ativa, da reserva e outras figuras de confiança do governo Bolsonaro, acusados de integrar uma suposta organização criminosa.

Os indiciamentos foram encaminhados ao Supremo Tribunal Federal (STF), e a próxima etapa depende da análise da Procuradoria-Geral da República (PGR), que decidirá se oferece denúncia formal contra os envolvidos.

Lista completa dos 37 indiciados

Abaixo, os nomes dos indiciados e as respectivas acusações:

1. Ailton Gonçalves Moraes Barros: Capitão reformado do Exército, acusado de intermediar a inserção ilegal de dados em cartões de vacinação.
2. Alexandre Castilho Bitencourt da Silva: Coronel do Exército e coautor da “Carta ao Comandante do Exército”, de teor golpista.
3. Alexandre Rodrigues Ramagem: Deputado federal e ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
4. Almir Garnier Santos: Ex-comandante da Marinha.
5. Amauri Feres Saad: Advogado identificado como “mentor intelectual” da minuta do golpe.
6. Anderson Torres: Ex-ministro da Justiça, onde foi apreendida a minuta do golpe.
7. Anderson Lima de Moura: Coronel do Exército e autor de documento golpista.
8. Angelo Martins Denicoli: Major da reserva e ex-diretor do Ministério da Saúde.
9. Augusto Heleno Ribeiro Pereira: General da reserva e ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional.
10. Bernardo Romão Correa Netto: Coronel acusado de incitar intervenção militar.
11. Carlos Cesar Moretzsohn Rocha: Engenheiro contratado pelo PL para questionar as urnas eletrônicas.
12. Carlos Giovani Delevati Pasini: Coronel e autor de carta golpista.
13. Cleverson Ney Magalhães: Coronel e ex-oficial de Operações Terrestres.
14. Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira: Ex-chefe de Operações Terrestres do Exército.
15. Fabrício Moreira de Bastos: Coronel e adido militar em Israel, envolvido em carta golpista.
16. Filipe Garcia Martins: Ex-assessor presidencial, presente em reunião sobre o golpe.
17. Fernando Cerimedo: Empresário argentino que questionou publicamente a segurança das urnas.
18. Giancarlo Gomes Rodrigues: Subtenente acusado de monitorar clandestinamente opositores.
19. Guilherme Marques de Almeida: Tenente-coronel que desmaiou ao ser abordado pela PF.
20. Hélio Ferreira Lima: Tenente-coronel identificado em mensagens com Mauro Cid.
21. Jair Messias Bolsonaro: Ex-presidente e principal figura do esquema golpista.
22. José Eduardo de Oliveira e Silva: Padre acusado de envolvimento com atos antidemocráticos.
23. Laercio Vergilio: General da reserva, acusado de participação na articulação golpista.
24. Marcelo Bormevet: Policial federal suspeito de espionagem ilegal na “Abin paralela”.
25. Marcelo Costa Câmara: Ex-assessor de Bolsonaro.
26. Mario Fernandes: Ex-general, suspeito de planejar atentados contra autoridades.
27. Mauro Cid: Tenente-coronel e ex-ajudante de ordens da Presidência.
28. Nilton Diniz Rodrigues: General suspeito de tramar a intervenção militar.
29. Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho: Empresário e neto do ex-presidente João Figueiredo.
30. Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira: Ex-ministro da Defesa e ex-comandante do Exército.
31. Rafael Martins de Oliveira: Major e integrante do grupo conhecido como “kids pretos”.
32. Ronald Ferreira de Araújo Junior: Oficial do Exército.
33. Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros: Tenente-coronel, ligado a desinformação sobre urnas.
34. Tércio Arnaud Tomaz: Ex-assessor de Bolsonaro, peça-chave do “gabinete do ódio”.
35. Valdemar Costa Neto: Presidente do PL, partido de Bolsonaro e Braga Netto.
36. Walter Souza Braga Netto: General da reserva, ex-ministro da Defesa e vice de Bolsonaro em 2022.
37. Wladimir Matos Soares: Policial federal suspeito de planejar assassinatos de autoridades.

Próximos passos

O indiciamento não significa condenação. Cabe agora à Procuradoria-Geral da República (PGR) avaliar o relatório e decidir se apresenta denúncia ao STF. Caso a denúncia seja aceita, os acusados se tornam réus e poderão responder por crimes como:

• Abolição violenta do estado democrático de direito (art. 359-L): Reclusão de 4 a 12 anos.
• Golpe de Estado (art. 359-M): Pena de 3 a 8 anos.
• Organização criminosa (Lei 12.850/2013): Reclusão de 3 a 8 anos, com agravantes em casos de violência.

A eventual condenação também pode resultar em inelegibilidade de Bolsonaro e aliados políticos, influenciando o cenário eleitoral dos próximos anos.

As investigações e o contexto

Desde 2022, a PF investiga ações para deslegitimar o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e criar um ambiente favorável à intervenção militar. O caso ganhou força após a descoberta de uma minuta golpista na casa de Anderson Torres e planos revelados pela operação Contragolpe, que incluíam até assassinatos de líderes políticos como Lula, Alckmin e Moraes.

Os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, embora ligados ao contexto, seguem em um inquérito separado.