Os moradores do bairro Felipe Camarão, localizado na zona Oeste de Natal e reconhecido como um dos mais populosos da capital do Rio Grande do Norte, expõem a grave situação de descaso na Unidade Básica de Saúde (UBS) Felipe Camarão I, situada na Rua da Tamarineira. A comunidade aponta problemas como falta de médicos, atendimento ineficiente e condutas questionáveis por parte de alguns funcionários, agravando o sentimento de abandono entre os usuários.
Entre as denúncias, moradores destacam que a unidade, que deveria ser um espaço de acolhimento e cuidado, é marcada por despreparo no atendimento. “Cada dia pior, funcionários com má vontade, pessoal sai no horário de serviço para resolver assuntos pessoais. Sem falar que o horário até às 17h é só na teoria. Chegando após as 15h, muito raramente será atendido”, desabafou um morador, que preferiu não ser identificado.
Outro ponto crítico relatado é o comportamento do vigilante da unidade, frequentemente descrito como autoritário e desrespeitoso. Um dos denunciantes contou uma situação constrangedora: “Ele é grosseiro, sempre arrogante e não deixa ninguém entrar. Hoje mesmo, ao tentar entrar para a triagem, ele colocou as mãos na minha direção e disse que ninguém entraria, pois não teria triagem. Minutos depois, uma pessoa que parecia ser íntima dele chegou e foi autorizada a entrar para o procedimento”.
Medicamentos em falta e ausência de médicos
Além do atendimento precário, moradores relatam que frequentemente não encontram medicamentos básicos na unidade, o que compromete tratamentos. A ausência de médicos no local também é uma reclamação constante. Arlete de Castro, de 56 anos, empreendedora e residente do bairro, relatou sua indignação com o descaso. “Vim pela manhã para atendimento e fui informada, de forma grosseira pelo vigilante, que o médico não viria. Disseram para retornar à tarde. Quando voltei, fui barrada novamente: ‘ele não virá mais hoje’. Essa situação já dura duas semanas. Pago meus impostos, e na hora de precisar, o que ganho? Nada”, afirmou.
Outro morador, João Paulo, de 30 anos, reforçou o sentimento de frustração ao relatar as condições precárias da unidade. “Péssimo atendimento. Nem para atender o telefone para dar uma informação. Dizem que fecham às 17h, mas se você chegar lá às 15h30, já não atendem mais. Por isso não tenho pena quando ficam sem receber salário, porque nem trabalham direito. O povo quer ganhar dinheiro às nossas custas sem sequer levantar um dedo para atender. Profissionalismo zero”, declarou.
Impacto para os moradores
A UBS Felipe Camarão I é uma das principais referências em saúde pública para os moradores do bairro e de áreas próximas, sendo essencial para quem depende exclusivamente do SUS. Contudo, o descaso e a precariedade relatados na unidade evidenciam uma realidade que impacta diretamente no acesso à saúde de qualidade.
De acordo com o Código Penal Brasileiro, a omissão de atendimento em serviços de saúde pública pode configurar improbidade administrativa, além de violar direitos fundamentais previstos no artigo 196 da Constituição Federal, que garante a saúde como direito de todos e dever do Estado. A falta de fiscalização e investimentos adequados agrava a situação, deixando moradores desamparados.
Enquanto relatos de negligência se acumulam, a comunidade de Felipe Camarão aguarda respostas e medidas concretas das autoridades locais. A equipe do Portal N10 entrou em contato com a Secretaria Municipal de Saúde para solicitar esclarecimentos, mas até o momento não obteve retorno.
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