O estado de saúde de Juliana Leite Rangel, de 26 anos, baleada na cabeça por um disparo de fuzil efetuado por agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF), apresentou uma melhora, passando de gravíssimo para grave. A jovem está hospitalizada no Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes (HMAPN), em Duque de Caxias, desde a noite do incidente, ocorrido na véspera do Natal.
De acordo com informações da prefeitura, através da Secretaria Municipal de Saúde e direção do hospital, a mudança no quadro clínico da paciente é resultado de uma melhora observada nas últimas 24 horas, com a suspensão de drogas vasoativas e manutenção da estabilidade. O boletim médico divulgado no domingo (29) confirmou que Juliana sofreu uma lesão por arma de fogo na região do crânio.
O hospital também informou que o estado da jovem permite a redução da sedação para a avaliação de estímulos neurológicos, embora ainda seja considerado delicado. Ainda não é possível uma avaliação completa do nível de consciência nem de possíveis sequelas. A paciente segue internada no CTI da unidade, em ventilação mecânica, com acompanhamento do serviço de neurocirurgia e equipe multidisciplinar.
Juliana estava com sua família, composta por cinco pessoas, a caminho de Itaipu, em Niterói, para celebrar o Natal quando o veículo foi alvejado por múltiplos disparos realizados por agentes da PRF, por volta das 21 horas do dia 24 de dezembro, em Duque de Caxias. Além de Juliana, seu pai, Alexandre, também foi atingido por um dos disparos.
Investigação em Andamento
O Ministério Público Federal (MPF) instaurou um Procedimento Investigatório Criminal na quinta-feira (26). O procurador da República, Eduardo Santos de Oliveira Benones, solicitou diligências para coletar informações e documentos, com o objetivo de definir a atuação do órgão no caso.
Benones requisitou à Superintendência da Polícia Rodoviária Federal no Rio de Janeiro a identificação dos policiais envolvidos na ocorrência e dos autores dos disparos, exigindo ainda o afastamento imediato dos agentes que estavam nas viaturas. Além disso, determinou o recolhimento das armas dos policiais, para realização de perícia, independentemente de terem sido utilizadas.
A Polícia Federal também está investigando o caso. Segundo nota divulgada na quarta-feira (25), uma equipe foi ao local do incidente para realizar a perícia, coletar depoimentos dos policiais rodoviários federais e das vítimas, além de apreender as armas para análise.
Em entrevista ao Repórter Brasil, da TV Brasil, o diretor-geral da PRF, Antônio Fernando Souza Oliveira, afirmou que a corporação apura todos os casos de excessos durante abordagens policiais. O caso ocorre em um momento no qual o governo federal publicou um decreto para regulamentar o uso da força em operações policiais, estabelecendo o uso gradativo de armas, com armas de fogo sendo o último recurso, quando outras medidas de menor intensidade não forem suficientes.
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, declarou que “a polícia não pode combater a criminalidade cometendo crimes. As polícias federais precisam dar o exemplo às demais polícias”.
A jovem baleada por agentes da PRF segue em recuperação e o MPF investiga ação da PRF após tiros contra carro.
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