Dormir mal pode impactar diretamente a saúde, aumentando o risco de doenças cardiovasculares, transtornos mentais e obesidade. Dados da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) indicam que 72% dos brasileiros sofrem com algum tipo de distúrbio do sono, um problema que compromete a qualidade de vida e pode levar a complicações graves.
A preocupação com o tema se intensifica com a proximidade do Dia Mundial do Sono, celebrado em 14 de março, data que reforça a importância do descanso adequado para o equilíbrio do organismo. Problemas como insônia, apneia do sono, narcolepsia e parassonias afetam milhões de pessoas e exigem atenção médica para evitar impactos severos à saúde.
Distúrbios do sono: entenda os principais problemas
A insônia, um dos transtornos mais comuns, se manifesta pela dificuldade em adormecer ou manter o sono durante a noite. Já a narcolepsia provoca sonolência excessiva diurna, podendo gerar episódios incontroláveis de sono. Outro problema grave são as parassonias, que incluem sonambulismo e terrores noturnos, afetando tanto crianças quanto adultos.
Entre os distúrbios mais perigosos está a apneia do sono, caracterizada por pausas repetitivas na respiração durante o descanso. O problema pode causar hipertensão, arritmias cardíacas, infarto e acidente vascular cerebral (AVC), além de prejudicar a qualidade do sono e o desempenho diário. Outras condições incluem alterações no ritmo circadiano, síndrome das pernas inquietas (SPI) e hipersonia, todas interferindo na capacidade de ter um descanso reparador.
O otorrinolaringologista Eric Thuler, especialista em distúrbios do sono do Hospital Vila Nova Star, da Rede D’Or, alerta para os riscos. “Dormir bem é essencial para o equilíbrio do organismo, a recuperação física e a saúde emocional. Durante o sono, o corpo realiza funções fundamentais, como a regeneração celular, a consolidação da memória e o fortalecimento do sistema imunológico”, explica o médico.
Segundo Thuler, quase metade dos casos de distúrbios do sono tem relação com problemas respiratórios. “Parte dos pacientes apresenta dificuldades respiratórias durante o sono, muitas vezes devido a alterações físicas, como malformações nas vias aéreas. A mais comum é a apneia”, detalha o especialista, que também atua como professor assistente na Universidade da Pensilvânia (UPenn – EUA) e integra pesquisas voltadas para novos tratamentos.
Um dos sinais mais ignorados, segundo ele, é o ronco, frequentemente visto como algo inofensivo, mas que pode ser um sintoma de apneia do sono. “Se não tratado, pode levar a consequências sérias“, reforça Thuler.
O que afeta a qualidade do sono?
Diversos fatores podem comprometer o descanso adequado, além dos distúrbios do sono propriamente ditos. Estresse, preocupações diárias, alimentação desregulada e o uso excessivo de eletrônicos são algumas das causas mais comuns de noites mal dormidas.
O especialista alerta para a importância de observar sinais de alerta. “Episódios ocasionais de sono interrompido não são preocupantes. No entanto, se dificuldades para dormir, ronco intenso, sensação de sufocamento e sonolência diurna excessiva forem frequentes, é essencial procurar um especialista”, afirma Thuler.
Como melhorar a qualidade do sono?
Um sono de qualidade é aquele que permite a passagem por todas as fases do descanso, incluindo o sono leve, profundo e a fase REM, essencial para a consolidação da memória e aprendizado. A quantidade ideal varia de acordo com a idade, mas especialistas recomendam entre sete e nove horas de sono por noite para adultos.
Mudanças simples na rotina podem contribuir significativamente para melhorar o descanso. Veja 10 dicas eficazes para dormir melhor:
1️⃣ Estabeleça um horário fixo para dormir e acordar, inclusive nos fins de semana, para regular o ritmo do corpo.
2️⃣ Evite telas antes de dormir: a luz azul emitida por celulares e computadores reduz a produção de melatonina, hormônio responsável pelo sono.
3️⃣ Crie um ambiente propício para o descanso, mantendo o quarto escuro, silencioso e com temperatura agradável.
4️⃣ Cuidado com a alimentação noturna: evite cafeína, alimentos pesados e bebidas estimulantes antes de dormir.
5️⃣ Pratique atividades físicas regularmente, mas evite exercícios intensos próximo ao horário de dormir.
6️⃣ Evite o consumo de álcool antes de dormir, pois, apesar de causar sonolência inicial, prejudica as fases mais profundas do sono.
7️⃣ Controle a exposição à luz natural durante o dia, pois isso ajuda a regular o relógio biológico.
8️⃣ Limite cochilos diurnos, especialmente os muito longos ou feitos no final da tarde.
9️⃣ Escolha um colchão e travesseiro adequados para manter a postura correta durante o sono.
🔟 Adote hábitos relaxantes antes de dormir, como ler um livro, tomar um banho morno ou praticar meditação.
Especialistas reforçam que pequenas mudanças nos hábitos diários podem trazer grandes benefícios para a qualidade do sono e a saúde como um todo. Caso os problemas persistam, buscar ajuda profissional é fundamental para identificar e tratar possíveis distúrbios.
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