Automóveis

Setor automotivo brasileiro teme impactos do ‘tarifaço’ de Trump e importações chinesas

A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) manifestou preocupação com as possíveis consequências do aumento de tarifas impostas por Donald Trump, principalmente no que tange ao mercado automotivo sul-americano. As recentes taxas impostas por Trump à China adicionam mais incerteza ao cenário.

Segundo a Anfavea, as tarifas podem reduzir as exportações mexicanas para os EUA, fazendo com que o excedente seja direcionado ao Brasil, devido ao acordo de livre comércio entre os países. Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, alerta: Muitos investimentos que seriam realizados no Brasil ou Argentina, deixarão de ser feitos para utilizar a capacidade ociosa das fábricas mexicanas, por conta dessa tarifa extra.

De acordo com a entidade, investimentos para a construção ou ampliação de fábricas na América Latina podem ser direcionados ao México, que terá parte de suas fábricas ociosas. Lima Leite destacou que, apesar do cenário negativo, o Brasil pode encontrar vantagens competitivas ao explorar novas rotas de produção criadas em decorrência das tarifas. 

A Anfavea prevê uma queda de aproximadamente 1 milhão de veículos vendidos nos Estados Unidos em um ano, com aumento de preços (de US$ 3 mil a US$ 12 mil), inflação alta e atraso na transição energética para carros elétricos e híbridos.

Importações chinesas e empregos no Brasil

O presidente da Anfavea ponderou que as importações de carros chineses podem afetar a geração de empregos no Brasil, com uma possível revisão dos R$ 180 bilhões investidos no país pelo setor. Nos últimos meses, foram criados 8,1 mil empregos diretos no setor, totalizando 109,5 mil empregados.

A Anfavea também alerta sobre a redução fiscal solicitada por empresas chinesas para a produção em esquema de montagem (CKD e SKD), apontando que esses métodos podem ser prejudiciais aos fabricantes, empregos e investimentos na cadeia automotiva. Diante de um possível cenário de guerra comercial global, a cautela se faz necessária.

Esses impasses podem comprometer parte dos investimentos anunciados, sobretudo num momento de grande tensão global, com as tarifas impostas pelo governo norte-americano impactando negativamente toda a geopolítica econômica global, inclusive o setor automotivo nacional e sua longa cadeia de suprimentos, afirma Márcio de Lima Leite.

Produção e importações em 2025

No primeiro trimestre de 2025, a produção de veículos no Brasil aumentou 8,3%, totalizando 582,9 mil unidades fabricadas, em comparação com 538 mil no mesmo período de 2024.

As exportações de carros novos atingiram 115,6 mil unidades no primeiro trimestre, um aumento de 40,6% em relação ao ano anterior. A recuperação da Argentina foi um fator importante para esse crescimento, juntamente com o aumento das vendas para Colômbia e Chile.

As importações de veículos aumentaram 25,1% no primeiro trimestre, totalizando 112,8 mil unidades, principalmente da China e Argentina. Os principais países que enviam carros para o Brasil são:

  • Argentina: 47%
  • China: 28%
  • México: 7%
  • Alemanha: 5%
  • Uruguai: 4%
  • Tailândia: 2%

A ofensiva tarifária de Donald Trump tem gerado comparações com a Lei Smoot-Hawley de 1930, que elevou as tarifas de importação nos EUA e agravou a Grande Depressão. A lei aumentou as tarifas de importação de cerca de 900 produtos em uma média de 40% a 60%, com o objetivo de proteger agricultores e empresas americanas.

Durante os dois anos seguintes à implementação da lei, as importações e exportações dos EUA caíram cerca de 40%. Canadá e Europa retaliaram, aumentando tarifas sobre produtos americanos. Em 1932, as vendas de produtos dos EUA no exterior caíram de US$ 7 bilhões para US$ 2,5 bilhões.

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Rafael Nicácio

Co-fundador e redator do Portal N10, sou responsável pela administração e produção de conteúdo do site, consolidando mais de uma década de experiência em comunicação digital. Minha trajetória inclui passagens por assessorias de comunicação do Governo do Estado do Rio Grande do Norte (ASCOM) e da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), onde atuei como estagiário. Desde 2013, trabalho diretamente com gestão de sites, colaborando na construção de portais de notícias e entretenimento. Atualmente, além de minhas atividades no Portal N10, também gerencio a página Dinastia Nerd, voltada para o público geek e de cultura pop. MTB Jornalista 0002472/RN E-mail para contato: rafael@oportaln10.com.br

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