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Supermercados têm milhares de vagas abertas, mas candidatos rejeitam ofertas – entenda por quê

O varejo alimentar tradicionalmente oferece grande volume de empregos, mas enfrenta desafios para atrair e reter profissionais.

O setor supermercadista expandiu significativamente nos últimos anos, criando milhares de novas oportunidades de emprego. No entanto, a dificuldade em atrair candidatos preocupa redes em todo o Brasil. Apenas no estado de São Paulo, cerca de 30 mil vagas seguem sem preenchimento, segundo a Associação Paulista de Supermercados (Apas).

Essa situação já impacta diretamente o funcionamento das lojas, levantando questões sobre o que leva tantos profissionais a rejeitarem essas oportunidades.

A falta de interesse não está ligada ao número de desempregados no país, mas sim à forma como os supermercados são percebidos como empregadores e às mudanças no perfil dos trabalhadores. Angélica Madalosso, especialista em employer branding e CEO do hub ILoveMyJob, explica que a dificuldade do setor vai além da oferta de postos.

Sem dúvida, cuidar da cultura organizacional e do EVP (Proposta de Valor ao Empregado) para oferecer uma experiência enriquecedora aos colaboradores é essencial para uma estratégia robusta de marca empregadora. Essa abordagem, de dentro para fora, não só engaja e fideliza talentos, mas também impacta significativamente a etapa de atração, especialmente no fundo do funil. É aqui que talentos externos avaliam se devem aceitar uma oferta de trabalho em sua empresa, influenciados pela autenticidade que percebem internamente“, avalia.

Por que os supermercados têm vagas sobrando?

O varejo alimentar tradicionalmente oferece grande volume de empregos, mas enfrenta desafios para atrair e reter profissionais. Entre os principais fatores que afastam candidatos estão:

  • Jornadas rígidas e pouca flexibilidade, tornando o trabalho menos atrativo para quem busca equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
  • Percepção do setor como um emprego temporário, o que reduz o interesse de candidatos qualificados.
  • Processos seletivos tradicionais, que não acompanham as mudanças no comportamento dos trabalhadores e as novas demandas do mercado.

Essa combinação afeta a atratividade das vagas, dificultando a contratação de profissionais e elevando a taxa de rotatividade nas redes supermercadistas.

O que pode ser feito para atrair mais profissionais?

Para Angélica, a questão principal não está na disponibilidade de trabalhadores, mas na forma como o setor constrói sua imagem e se comunica com os potenciais candidatos.

Se o supermercado é visto como um emprego de curto prazo, ele enfrenta dificuldades para atrair bons candidatos. As empresas que alinham suas práticas internas à proposta que comunicam ao mercado alcançam melhores resultados na atração de talentos“, explica.

Entre as estratégias que podem melhorar esse cenário, a especialista destaca quatro pontos fundamentais:

1. Reposicionamento da marca empregadora

A forma como os supermercados divulgam suas oportunidades influencia diretamente na percepção dos candidatos. As redes precisam comunicar não apenas as vagas, mas também as possibilidades de crescimento e a realidade do trabalho. Expectativas alinhadas reduzem frustrações e melhoram a retenção de funcionários.

2. Coerência entre discurso e prática

Employer branding não pode ser apenas uma estratégia de marketing. Se a empresa se posiciona como um ambiente flexível e promissor, precisa garantir que essa percepção corresponda à realidade interna. Quando há inconsistências entre o que é prometido e o que é entregue, os candidatos rapidamente descartam a oportunidade.

3. Modelos de contratação mais flexíveis

O setor supermercadista pode ampliar suas opções de contratação, tornando as escalas mais dinâmicas e acessíveis. Isso inclui a possibilidade de atrair jovens em busca do primeiro emprego, trabalhadores em meio período e até profissionais que buscam novas oportunidades de recolocação.

4. Modernização dos processos seletivos

A digitalização do recrutamento pode aumentar o alcance das vagas. A divulgação em plataformas digitais, redes sociais e aplicativos de emprego facilita o contato com um maior número de candidatos qualificados. Além disso, ferramentas de seleção mais ágeis tornam o processo mais eficiente e reduzem desistências ao longo da contratação.

Para Angélica, as redes que não ajustarem sua abordagem continuarão enfrentando dificuldades. “Trabalhar a marca empregadora vai além da comunicação. É preciso criar consistência entre a experiência interna e o que é transmitido para o mercado. Employer branding não ocorre apenas de dentro para fora, mas também de fora para dentro. Se a empresa não assumir o controle da sua narrativa, sendo consistente e fazendo com que a mensagem certa chegue às pessoas certas, seus processos seletivos continuarão pouco estratégicos, atraindo poucos candidatos que realmente contribuem para fortalecer a cultura da sua organização“, conclui.

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Rafael Nicácio

Co-fundador e redator do Portal N10, sou responsável pela administração e produção de conteúdo do site, consolidando mais de uma década de experiência em comunicação digital. Minha trajetória inclui passagens por assessorias de comunicação do Governo do Estado do Rio Grande do Norte (ASCOM) e da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), onde atuei como estagiário. Desde 2013, trabalho diretamente com gestão de sites, colaborando na construção de portais de notícias e entretenimento. Atualmente, além de minhas atividades no Portal N10, também gerencio a página Dinastia Nerd, voltada para o público geek e de cultura pop. MTB Jornalista 0002472/RN E-mail para contato: [email protected]

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