Um levantamento recente do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) revelou um aumento generalizado no custo da cesta básica em janeiro de 2025. A pesquisa, que acompanha os preços de itens essenciais de consumo, indicou que 13 das 17 capitais analisadas registraram elevação nos valores.
Variações regionais
Salvador liderou o ranking de maiores altas, com um aumento de 6,22%. Belém (4,80%) e Fortaleza (3,96%) também apresentaram variações significativas. Em contrapartida, Porto Alegre (-1,67%), Vitória (-1,62%), Campo Grande (-0,79%) e Florianópolis (-0,09%) foram as únicas cidades onde houve redução no custo da cesta básica.
São Paulo se manteve como a capital com a cesta básica mais cara do país, atingindo R$ 851,82, o que corresponde a 60% do salário mínimo oficial, fixado em R$ 1.518.
Salário mínimo necessário
O Dieese estima que o salário mínimo necessário para suprir as despesas de uma família de quatro pessoas deveria ser de R$ 7.156,15 em janeiro de 2025. Um estudo divulgado em dezembro pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) aponta que a renda média do trabalhador brasileiro era de R$ 3.279,00 em outubro de 2024, o dado mais recente disponível.
A análise do Dieese considera a determinação constitucional de que o salário mínimo deve ser suficiente para cobrir gastos com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência.
Em janeiro de 2024, o salário mínimo necessário estimado era de R$ 6.723,41, o que representava 4,76 vezes o valor vigente à época. A inflação dos últimos 12 meses, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), ficou em 4,8%, um valor próximo ao aumento indicado para o salário mínimo necessário.
Disparidades regionais de custo
As cidades do Sul e Sudeste se destacam entre as mais caras. Florianópolis registrou um valor médio de R$ 808,75, seguida pelo Rio de Janeiro (R$ 802,88) e Porto Alegre (R$ 770,63). Curitiba (R$ 743,69), Vitória (R$ 735,31) e Belo Horizonte (R$ 717,51) também figuram entre as capitais com custos elevados, embora superadas por Campo Grande (R$ 764,24), Goiânia (R$ 756,92) e Brasília (R$ 756,03).
Em contrapartida, as capitais do Norte e Nordeste apresentaram os menores custos, com valores inferiores à metade do salário mínimo. Fortaleza registrou um custo médio de R$ 700,44, Belém R$ 697,81, Natal R$ 634,11, Salvador R$ 620,23, João Pessoa R$ 618,64, Recife R$ 598,72 e Aracaju R$ 571,43.
Fatores que influenciam os preços
O Dieese atribui o aumento da cesta básica ao comportamento de itens específicos, como o café em pó, que apresentou alta em todas as cidades nos últimos 12 meses. Saiba que o Café pode pesar mais no bolso do consumidor, com a Abic prevendo alta de até 25% nos próximos dois meses. O tomate também teve um impacto significativo, com aumentos superiores a 40% em Salvador, Belo Horizonte, Brasília e Rio de Janeiro, devido às fortes chuvas.
O pão francês também contribuiu para a alta, com aumento em 16 cidades, refletindo a menor oferta de trigo nacional e a necessidade de importação em um cenário de câmbio desvalorizado.
Por outro lado, a batata, o leite integral, o arroz agulhinha e o feijão preto tiveram queda nos preços, o que ajudou a conter um aumento ainda maior da cesta básica. A redução nos preços desses itens foi impulsionada pelo aumento da oferta.
Quer receber as principais notícias do Portal N10 no seu WhatsApp? Clique aqui e entre no nosso canal oficial.