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TCU suspende R$ 6 bilhões do Pé de Meia; MEC nega irregularidades

O Tribunal de Contas da União (TCU) manteve a suspensão da execução de R$ 6 bilhões do programa de apoio educacional Pé de Meia, em decisão unânime tomada em sessão plenária nesta quarta-feira (22). A medida cautelar, inicialmente determinada pelo ministro Augusto Nardes, afeta o repasse de recursos para cerca de 3,9 milhões de estudantes de baixa renda matriculados em escolas públicas de ensino médio em todo o país. Apesar da decisão, cabe recurso.

O programa Pé de Meia, instituído pela Lei 14.818/2024, tem um investimento anual de aproximadamente R$ 12,5 bilhões. Ele oferece aos alunos uma mesada de R$ 200 durante o ano letivo e uma poupança anual de R$ 1 mil para aqueles que forem aprovados, que só poderá ser sacada ao final do ensino médio. Ao completar os três anos do ensino médio, um estudante pode receber até R$ 9,2 mil. O programa foi criado com o objetivo de combater a evasão escolar no Brasil, um problema persistente no país.

A decisão inicial de suspender os pagamentos havia sido concedida na sexta-feira (19), após uma ação do subprocurador-geral Lucas Rocha Furtado, do Ministério Público junto ao TCU (MPTCU), que apontou que os valores utilizados para financiar o programa estavam fora do Orçamento. A área técnica do tribunal confirmou a irregularidade.

O Ministério da Educação (MEC), responsável pelo programa, informou que prestará os esclarecimentos assim que for notificado da decisão, afirmando que todos os aportes para o Pé de Meia foram aprovados pelo Congresso Nacional e respeitaram as normas orçamentárias.

A Advocacia-Geral da União (AGU) recorreu da decisão, argumentando que não há ilegalidade na transferência de recursos entre fundos e que o bloqueio cautelar de mais de R$ 6 bilhões causará danos ao programa e aos estudantes. A AGU solicitou que, caso a decisão do TCU não seja revertida, seus efeitos ocorram somente em 2026 e que seja dado um prazo de 120 dias para o governo federal apresentar um plano para garantir a continuidade do programa.

Financiamento do Programa

O Pé de Meia é financiado pelo Fundo de Incentivo à Permanência no Ensino Médio (Fipem), um fundo de natureza privada, mas que recebe recursos da União e é administrado pela Caixa Econômica Federal. A lei permite que o governo federal repasse recursos ao fundo, mas, segundo o ministro Nardes, esse fluxo não estaria passando pelo Orçamento Geral da União. Por isso, foi determinado o bloqueio de R$ 6 bilhões na conta da Caixa.

O MEC também está proibido de usar recursos do Fundo de Garantia de Operações de Crédito Educativo (Fgeduc) e do Fundo Garantidor de Operações (FGO) sem que esses valores sejam antes recolhidos à Conta Única do Tesouro Nacional e incluídos na lei orçamentária. A Unidade de Auditoria Especializada em Orçamento, Tributação e Gestão Fiscal (AudFiscal) apontou que o uso de recursos do Fgeduc e do FGO para o Fipem não ocorreu via Conta Única do Tesouro Nacional e o Orçamento Geral da União, o que estaria em desacordo com as regras orçamentárias e fiscais. O TCU ainda analisará o mérito da questão.

A AGU solicitou a suspensão imediata da medida cautelar do TCU, que impede o MEC de destinar recursos do FGO e do Fgeduc para o Pé de Meia. O órgão também pede que a decisão seja revertida e os recursos dos fundos possam ser utilizados no programa. Segundo a AGU, não há ilegalidade na transferência desses recursos, e o bloqueio pode inviabilizar a continuidade do programa.

O Pé de Meia beneficia 3,95 milhões de estudantes em todo o Brasil, incluindo 1,1 milhão de novos alunos desde junho de 2024, quando o programa foi expandido para estudantes do Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico) e da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Antes, o programa atendia 2,8 milhões de estudantes. O investimento total no primeiro ano do programa é de R$ 12,5 bilhões.

O programa Pé-de-Meia teve sua primeira poupança de R$1 mil paga em fevereiro, com adicional para participantes do Enem.

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Rafael Nicácio

Co-fundador e redator do Portal N10, sou responsável pela administração e produção de conteúdo do site, consolidando mais de uma década de experiência em comunicação digital. Minha trajetória inclui passagens por assessorias de comunicação do Governo do Estado do Rio Grande do Norte (ASCOM) e da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), onde atuei como estagiário. Desde 2013, trabalho diretamente com gestão de sites, colaborando na construção de portais de notícias e entretenimento. Atualmente, além de minhas atividades no Portal N10, também gerencio a página Dinastia Nerd, voltada para o público geek e de cultura pop. MTB Jornalista 0002472/RN E-mail para contato: [email protected]

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