O Papa Francisco expressou sua preocupação com a persistência de uma "mentalidade machista" dentro da Igreja Católica, durante um encontro com representantes da fundação americana Conrad Hilton nesta quarta-feira (22). O pontífice destacou a necessidade de superar essa mentalidade e atribuiu a falta de mulheres em cargos de liderança a um histórico de subvalorização do papel das freiras na hierarquia eclesiástica.
Durante o encontro, Francisco enfatizou que a missão das freiras é servir aos mais necessitados, e não atuar como "empregadas de ninguém". O Papa reconheceu que "frequentemente se denuncia que não há freiras suficientes em cargos de responsabilidade, nas dioceses, na Cúria e nas universidades, e isso é verdade". Ele admitiu que os investimentos em formação para as religiosas têm sido inferiores aos dispensados ao clero, ressaltando que esta disparidade é um problema estrutural que precisa ser corrigido.
O discurso do Papa surge em um momento de avanços, ainda que tímidos, na inclusão de mulheres em posições de destaque no Vaticano. Em março, Raffaella Petrini assumirá a direção do Governo do Estado da Cidade do Vaticano, tornando-se a primeira mulher a ocupar o cargo. Recentemente, Simona Brambilla foi nomeada para liderar o Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, um dos principais órgãos do Vaticano. Essas nomeações representam um marco na história da Igreja, que tradicionalmente relegou as mulheres a papéis secundários.
Os avanços são reais, mas ainda insuficientes. Desde a eleição de Francisco em 2013, a porcentagem de mulheres em cargos na Santa Sé e na administração do Estado do Vaticano cresceu de 19,2% para 23,4%. O aumento é modesto, mas indica uma mudança de direção. No entanto, o Papa Francisco reconheceu a realidade de que muitas freiras ainda são tratadas como empregadas domésticas, realizando serviços de limpeza e culinária para sacerdotes e outros membros da hierarquia da Igreja, em vez de serem reconhecidas por suas habilidades e potencial de liderança.
A fala de Francisco demonstra uma clara intenção de desafiar as estruturas machistas que persistem na Igreja, com o objetivo de promover maior igualdade e justiça. O apelo para que as freiras sejam valorizadas por sua missão e suas capacidades, em vez de serem vistas como mão de obra barata, representa um passo importante para a construção de uma Igreja mais inclusiva e equitativa.
A Igreja tem sido alvo de críticas devido ao papel frequentemente marginalizado das freiras, especialmente no que se refere aos trabalhos domésticos e à sua ausência em cargos de liderança. A mudança cultural necessária para uma verdadeira igualdade de gênero no Vaticano é um desafio significativo, mas o Papa Francisco parece determinado a seguir nessa direção, promovendo o reconhecimento e a valorização das mulheres na Igreja.
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