O Vaticano autorizou homens gays a se tornarem sacerdotes, desde que permaneçam celibatários e se abstenham de promover a “cultura gay”. A diretriz foi publicada pela Conferência Episcopal Italiana (CIE) na quinta-feira (9), e será válida por um período experimental de três anos.
O documento, aprovado pela CIE em novembro, estabelece que “pessoas com tendências homossexuais” que desejam ingressar no clero devem se comprometer com o celibato, assim como seus pares heterossexuais. No entanto, a Igreja “não pode admitir no Seminário e às Ordens Sacras aqueles que praticam a homossexualidade, apresentam tendências homossexuais profundamente enraizadas ou apoiam a chamada cultura gay”.
Segundo o documento, “as pessoas mencionadas encontram-se, de fato, em uma situação que dificulta seriamente as relações corretas com homens e mulheres”.
A nova regra, embora abra um caminho para homens gays no sacerdócio, não se distancia da ordem de 2016 do Papa Francisco, que proíbe homens que “praticam a homossexualidade, [e] mostram tendências homossexuais profundamente enraizadas” de se tornarem sacerdotes. A diretriz da CIE não altera essa determinação, mantendo a coerência com a postura anterior da Igreja.
O Papa Francisco, desde que assumiu o pontificado em 2013, tem feito declarações que geram diferentes interpretações sobre a homossexualidade. Em 2013, ao ser questionado se apoiava a entrada de homens gays no sacerdócio, respondeu “quem sou eu para julgar?”. Contudo, em 2018, recomendou que padres gays deixassem a Igreja, afirmando que “é melhor para eles deixar o ministério ou a vida consagrada do que viver uma vida dupla”.
Em 2023, o pontífice se desculpou após reclamar, em uma entrevista, que havia muita “frociaggine” (termo italiano para “viadagem”) ocorrendo nos seminários.
Apesar de o Papa nunca ter contradito o catecismo da Igreja Católica, que afirma que “os atos homossexuais são intrinsecamente desordenados”, ele tem feito algumas concessões à comunidade LGBT, incluindo uma decisão em dezembro de 2023, que permite que padres abençoem casais não casados e do mesmo sexo.
A medida da Conferência Episcopal Italiana (CIE) representa um esforço do Vaticano para equilibrar a tradição da Igreja com as novas realidades sociais, mesmo que mantenha certas restrições para os candidatos ao sacerdócio.
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