A Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que estabelece referências para os currículos escolares no País para os próximos anos, classificou a educação financeira e a educação para o consumo como habilidades obrigatórias entre os componentes curriculares.
“Esse é um importante marco para o tema e, principalmente, para o futuro das famílias brasileiras, pois a educação financeira é um passo fundamental para que se repense os hábitos de consumo, criando uma sociedade mais saudável financeiramente e realizadora de objetivos”, explica o presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin), Reinaldo Domingos.
Com a homologação da Educação Financeira na Base Nacional Comum Curricular para a Educação Infantil e o Ensino Fundamental, inicia-se uma nova era na educação brasileira, inserindo esta como tema no currículo escolar para alcançar um nível de excelência na formação de cidadãos educados, saudáveis e sustentáveis financeiramente.
O maior desafio é que por se tratar a Educação Financeira de uma ciência ainda pouco difundida na sociedade brasileira, mesmo com algumas iniciativas que proporcionaram a discussão sobre o tema, como a Estratégia Nacional de Educação Financeira – ENEF, é preciso preparar os profissionais da educação para este novo desafio: levar a toda a população o conhecimento e vivência desta ciência, hoje tão importante e necessária para a qualidade de vida das famílias brasileiras.
“Assim, podem ser discutidos assuntos como taxas de juros, inflação, aplicações financeiras (rentabilidade e liquidez de um investimento) e impostos. Essa unidade temática favorece um estudo interdisciplinar envolvendo as dimensões culturais, sociais, políticas e psicológicas, além da econômica, sobre as questões do consumo, trabalho e dinheiro”, explica o documento que detalha o BNCC.
E escolas de todo o País já estão cumprindo a regra. Com Programas de Educação Financeira nas Escolas, nos quais na grande maioria das vezes o tema é tratado como comportamental, as crianças aprendem a poupar e muitas até mesmo se lançam como empreendedoras para conquistar recursos para realizar seus sonhos.
Alunos empreendem
“Todos nós estamos poupando, fizemos a feira do empreendedor para realizar o sonho da nossa classe”, conta Caio Domingues, aluno do 3º ano do Colégio Saint Germain, de São Paulo. E os pais se envolvem na iniciativa, ajudando os filhos a economizar para conquistar o que desejam. Trata-se de hábitos e comportamentos, e não de cálculos matemáticos.
“A educação financeira é necessária para os brasileiros, portanto a iniciativa é muito relevante. Quando o tema é discutido desde a infância, nas escolas, os resultados são obtidos rapidamente e até mesmo as famílias são beneficiadas”, afirma Reinaldo Domingos.
Segundo levantamento, 7 em cada 10 das crianças quem têm aulas pelo Programa DSOP de Educação Financeira nas Escolas reagem bem a um revés financeiro, enquanto entre as que não tem, apenas 1 em cada 10 reage bem. Esse é um dos dados da 1ª Pesquisa de Educação Financeira nas Escolas, realizada em parceria entre o Instituto de Economia da UNICAMP, por seu Núcleo de Economia Industrial e da Tecnologia (NEIT), o Instituto Axxus e a Abefin.
Mudança comportamental
“A disseminação da educação financeira gera empoderamento, já que os brasileiros passam a administrar seus recursos de forma consciente e sustentável. Aprendem a priorizar seus sonhos, frente aos gastos. E essas mudanças não dependem da utilização de planilhas e calculadoras, e sim de novos hábitos e comportamentos, que inclusive as crianças podem aprender”, conta Domingos.
Na BNCC, é indicada a abordagem de conceitos básicos de economia e finanças, como taxas de juros, inflação, aplicações financeiras (rentabilidade e liquidez de um investimento) e impostos, além do uso consciente de recursos naturais, como a energia elétrica, entre outros conceitos. Pelo Programa DSOP de Educação Financeira nas Escolas, tais temas são abordados, porém com abordagem comportamental.
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