A Meta anunciou o início dos testes das “Notas da Comunidade” no Facebook, Instagram e Threads, a partir da próxima terça-feira (18) nos Estados Unidos. Inspirado em modelos como o do X (antigo Twitter), o recurso tem como objetivo permitir que os usuários adicionem contexto a publicações, visando combater a crescente desinformação nas plataformas.
Esta iniciativa marca uma mudança estratégica significativa na moderação de conteúdo da Meta, sinalizando o fim da parceria com agências independentes de checagem de fatos, conforme noticiado anteriormente.
A fase inicial de testes envolverá um grupo seleto de até 200 mil usuários, que terão a capacidade de escrever e avaliar notas sobre os conteúdos compartilhados nas redes sociais. A implementação será progressiva e, inicialmente, as notas não serão visíveis para a totalidade dos usuários. Segundo a Meta, a expansão para um público mais amplo dependerá diretamente da eficácia do sistema e do nível de participação da comunidade.
Critérios de participação
Para contribuir com as “Notas da Comunidade”, os usuários devem atender a certos requisitos:
- Ser maior de 18 anos.
- Possuir uma conta ativa há pelo menos seis meses.
- Ter um número de telefone cadastrado ou utilizar a verificação em dois fatores.
As notas serão limitadas a 500 caracteres e deverão incluir um link para uma fonte que comprove a informação. Para garantir a segurança e a liberdade de expressão, as avaliações serão realizadas de forma anônima.
Disponibilidade e expansão
Inicialmente, as “Notas da Comunidade” estarão disponíveis em seis idiomas: inglês, espanhol, chinês, vietnamita, francês e português. A Meta planeja expandir o recurso para outros países, mas ainda não divulgou um cronograma para o lançamento fora dos EUA. Enquanto isso, a parceria com agências de checagem de fatos continuará ativa em outros mercados, incluindo o Brasil.
A Meta enfatiza que o sistema será colaborativo e que não haverá interferência direta da empresa na seleção das notas exibidas. As contribuições só serão publicadas se um grupo diversificado de usuários concordar que elas fornecem um contexto relevante. Em caso de discordância significativa, a nota não será incluída na postagem até que se alcance um consenso mais amplo.
Mudança de estratégia e liberdade de expressão
A introdução das “Notas da Comunidade” reflete uma mudança na estratégia da Meta em relação à moderação de conteúdo. Desde 2016, a empresa colaborava com agências de checagem de fatos para avaliar postagens consideradas enganosas. No entanto, o CEO da Meta, Mark Zuckerberg, tem defendido uma abordagem que prioriza a liberdade de expressão, alinhada com as tendências políticas nos EUA após a reeleição de Donald Trump em 2024.
Zuckerberg criticou a interferência de governos na moderação de conteúdos, mencionando que alguns países da América Latina operam “tribunais secretos” para censurar redes sociais. Essa postura vem após críticas, como as de Lula criticando a Meta e defendendo a soberania nacional frente a mudanças em redes sociais. A decisão de substituir os checadores independentes por um sistema de moderação coletiva reforça essa nova postura da empresa.
Ao contrário das verificações de fatos anteriores, as “Notas da Comunidade” não restringirão o alcance de postagens que receberem correções ou contextualizações. A Meta argumenta que esse modelo é menos vulnerável a campanhas organizadas para manipular a moderação e que pode atingir uma escala maior do que o programa anterior.
A tecnologia por trás da ferramenta é baseada no código aberto do sistema do X, criado em 2021. O algoritmo analisa padrões de comportamento dos usuários e busca garantir que as avaliações reflitam uma diversidade de opiniões. A Meta planeja aprimorar continuamente esse sistema com base no feedback dos participantes e na observação de seu desempenho na prática.
Quer receber as principais notícias do Portal N10 no seu WhatsApp? Clique aqui e entre no nosso canal oficial.