A vereadora Margarete Régia, do partido Republicanos, trouxe à tona graves denúncias sobre um suposto esquema de compra de votos ocorrido durante as eleições municipais de Natal. Durante um discurso na Câmara Municipal nessa última terça-feira (26), Margarete destacou que alguns candidatos eleitos utilizaram motos como presentes para líderes comunitários em troca de apoio eleitoral.
Segundo ela, tais práticas ocorreram de maneira explícita e demandam maior atenção do Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN). No entanto, a vereadora não citou nomes.
“Infelizmente, uma cidade onde temos regiões com comunidades pobres, de madrugada, não faltou dinheiro fácil. E só Deus sabe de onde veio esse dinheiro. Vemos hoje candidatos que foram eleitos que, até durante a campanha, davam motos de presente a líderes comunitários, e o MP não vê isso. Motos de presente. Isso está escancarado”, afirmou a vereadora, visivelmente indignada.
Margarete também apontou que o dinheiro utilizado nessas práticas pode ter origem nos impostos pagos pela população. Para ela, isso representa uma grave violação da confiança pública. “O trabalhador suou tanto para ganhar pouco e ainda teve que pagar taxas absurdas, e esse dinheiro foi utilizado de outra forma. Isso é uma vergonha, mas é uma realidade que aconteceu em nossa cidade”, destacou.
A parlamentar cobrou uma investigação mais aprofundada sobre o que chamou de manipulação e má utilização de recursos públicos. Ela ressaltou que basta uma averiguação nas comunidades afetadas para que se compreenda o alcance das práticas. “Quem quiser saber mais, é só ir às comunidades e fazer aquele trabalho de investigação, que com certeza terão a verdade bruta, cruel e vergonhosa do que aconteceu nessa última eleição”, declarou.
Carros luxuosos e abandono pós-campanha
Outro ponto abordado por Margarete em sua fala foi o paradeiro de carros luxuosos que, segundo ela, circularam com frequência na Zona Norte de Natal durante o período eleitoral. Ela questionou a finalidade dessas visitas, sugerindo uma relação direta com a compra de votos.
“Eu acho tão interessante, os carros luxuosos que atravessavam ruas todos os dias na zona norte de Natal sumiram depois da campanha. Passou a campanha, sumiram. Era um desfile de carros maravilhosos, candidatos, claro. Fazendo o quê? Numa região que eles nunca veem, nunca falam, nunca defendem. Mas o desfile era muito grande e eu ficava impressionada”, afirmou.
Margarete ainda acusou o poder público de adotar estratégias que chamou de “perversas” para assegurar a eleição de candidatos alinhados a determinados interesses. De acordo com ela, há uma manipulação das necessidades da população em momentos estratégicos, sobretudo durante as campanhas eleitorais.
“As zonas Norte e Oeste de Natal são duas regiões esquecidas. Eu queria saber o porquê que esses gestores imaginam que só existe a Zona Sul para eles. Eu fico indignada e acho ainda mais perverso quem esquece dessa população e só lembram na época da campanha”, enfatizou.
Desigualdade no investimento público
A vereadora também apontou disparidades significativas no planejamento de investimentos públicos, principalmente no que diz respeito à saúde. Segundo ela, áreas como a Zona Sul, onde há maior concentração de pessoas com acesso a planos de saúde privados, recebem muito mais atenção e investimentos do que as regiões mais carentes.
Ela exemplificou essa diferença ao criticar a construção de dois novos hospitais na Zona Sul, próximos um ao outro, enquanto as zonas Norte e Oeste carecem de serviços de saúde adequados. “Por que o Governo do RN está construindo um hospital em Cidade Satélite ao lado da UPA, e o prefeito Álvaro Dias construindo um hospital ao lado da UPA e do hospital que o Governo vai construir? Não tem pena da população pobre da nossa cidade. Não tem pena”, desabafou Margarete.
As denúncias de Margarete Régia chamam atenção para práticas que, se comprovadas, configuram sérias violações aos princípios democráticos. O apelo da vereadora por investigação reforça a necessidade de ações concretas para combater irregularidades eleitorais e promover maior equidade no atendimento às necessidades da população.
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