Em entrevista à rádio 98 FM de Natal, o ex-senador e ex-presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, fez duras críticas ao Partido dos Trabalhadores (PT) do Rio Grande do Norte e ao ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. As declarações agitaram o cenário político, levantando questões sobre o futuro de Prates no partido e a gestão da Petrobras.
Prates afirmou que se sente “tacitamente expulso do PT”, alegando que não tem sido consultado sobre as estratégias do partido para as eleições de 2026. “Eu acho que eu, meio que tacitamente, fui expulso, né? Porque você não é chamado para nada, não é consultado para nada… Fui senador pelo partido, fui líder do partido no Congresso Nacional, líder da minoria…”, desabafou o ex-senador.
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Ele também criticou a forma como o PT tem conduzido a pré-candidatura de Cadu Xavier ao Governo do Estado, classificando a postura como um “caciquismo” do entorno da governadora Fátima Bezerra. Prates ressaltou que sua possível saída do partido depende de uma conversa com a governadora, a quem ele credita sua entrada no PT em 2013.
“É uma questão de respeito, é o respeito máximo que eu tenho por ela. (A saída do partido) claro que passa (pela conversa com Fátima). E a conversa tem uma pergunta só: o que é que o partido quer de mim? Se não tiver nada, eu vou fazer o quê? Então também não tem compromisso, não preciso”, declarou Prates.
Embora tenha reconhecido que sua trajetória política e a presidência da Petrobras foram possíveis graças ao PT, Prates afirmou que não pode ficar “refém” dessa situação. “Eu sou muito agradecido ao PT, ao presidente Lula, a Fátima principalmente, por tudo isso. Mas também não vou ficar refém disso, né? Então assim, está quitado. Eu fiz um bom mandato no Senado, entreguei coisas para o Rio Grande do Norte, para o País. E na Petrobras eu não preciso falar nada. Eu entreguei o melhor resultado da história”, concluiu. A declaração ocorre em um momento em que a maioria dos eleitores acredita em alternativas a Lula e Bolsonaro para 2026.
Acusações contra Alexandre Silveira
Além das críticas ao PT, Jean Paul Prates acusou o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, de tentar interferir na gestão da Petrobras para agradar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo Prates, Silveira utilizava informações internas para pressionar a empresa por mudanças na política de preços.
“Ele sabia que não podia, mas forçava a barra. Quando havia uma janela técnica para, por exemplo, reduzir o preço de combustíveis, ele corria para a imprensa dizendo que estava mandando a Petrobras baixar o preço do diesel ou da gasolina”, relatou Prates.
Para evitar problemas com o mercado, Prates afirma que era obrigado a suspender decisões em andamento. “Eu imediatamente dizia: suspende o processo e vamos esperar para a semana que vem. Não podíamos cumprir uma ordem direta de ministro.”
O ex-presidente da estatal reforçou que a influência do governo federal na Petrobras deve ocorrer apenas por meio do Conselho de Administração. “O governo manda na Petrobras? Manda, mas manda de uma certa forma, por meio do conselho. Não é uma relação direta.”
Prates também comentou sobre sua relação pessoal com Silveira, com quem dividiu espaço no Senado. Ele se disse surpreso com a mudança de postura do ministro. “Apesar de sermos companheiros e termos combinado ações juntos, ele começou a se reconfigurar para agradar muito o presidente. Provavelmente é um jogo político válido.”
Jean Paul Prates foi demitido da presidência da Petrobras em maio de 2024. Em mensagem interna aos funcionários, ele atribuiu sua demissão a Silveira e Rui Costa (Casa Civil), que teriam se “regozijado” com sua saída. As declarações vêm à tona em um momento em que a Petrobras anuncia redução do preço do diesel em R$ 0,12 por litro.