O deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) prestou depoimento nesta quarta-feira (4) perante o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados. Ele é acusado pelo partido Novo de quebra de decoro parlamentar por suposta agressão física ao militante do Movimento Brasil Livre (MBL), Gabriel Costenaro, ocorrida em abril deste ano nas dependências da Câmara.
A oitiva, que durou mais de três horas e incluiu o depoimento de testemunhas de defesa, foi marcada pela defesa de Braga. O deputado argumentou que sua ação foi uma resposta a agressões prévias sofridas por Costenaro. Ele apresentou vídeos como prova, alegando que Costenaro o havia abordado em sete ocasiões anteriores em reuniões no Largo da Carioca, no Rio de Janeiro. Segundo Braga: “Foram sete episódios em que isso aconteceu só com esse sujeito, sem contar outros episódios de grupos que foram formados pela mesma organização que finge se chamar de movimento, o MBL. Acho que está mais do que evidente de que tudo aquilo que foi apresentado demonstra proporcionalidade da reação ao provocador”
Além da defesa de sua conduta, Braga acusou o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), de perseguição política e chegou a mencionar acusações de assédio. O relator do caso, deputado Paulo Magalhães (PSD-BA), declarou que o que viu nos vídeos não alterou seu pensamento. Ele afirmou: “No vídeo eu não vi nada que pudesse mudar o meu pensamento. Eu não tenho procuração para defender o presidente Arthur Lira e ele se quiser que se defenda na Justiça se assim achar necessário. Quanto ao relatório final, eu serei fidedigno ao que vi, o que ouvi e ao depoimento de algumas testemunhas, mas vou usar todo tempo que me é dado direito”
Cronograma e Possíveis Desdobramentos: A previsão para o desfecho do processo é o ano que vem, segundo o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ), que presidiu parte da reunião. Alencar expressou preocupação com a possibilidade de o julgamento no plenário coincidir com o processo contra Chiquinho Brazão, acusado de envolvimento no assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Alencar explicou: “A representação contra Chiquinho Brazão levou seis meses no conselho. A representação do partido Novo contra o deputado Glauber Braga já passa de sete meses. Depois de definida a posição quanto à representação no Conselho de Ética, em caso de recomendação de cassação, tem o recurso da CCJ”
Histórico de Representações: Vale ressaltar que esta não é a primeira vez que Glauber Braga enfrenta representações no Conselho de Ética. Desde 2019, ele já foi alvo de outras quatro, incluindo uma por agressão física ao deputado Abilio Brunini (PL-MT), arquivada em junho deste ano com recomendação de apenas censura verbal pelo relator, deputado Ricardo Ayres (Republicanos-TO).
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