Após meses de tensões, Estados Unidos e China anunciaram, nesta segunda-feira (12), um acordo para suspender grande parte das tarifas que vinham sendo aplicadas mutuamente. A medida, que visa dar espaço para novas negociações, representa uma trégua de 90 dias na acirrada guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo.
O anúncio foi feito após dois dias de negociações em Genebra, com o Secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, e o Representante de Comércio, Jamieson Greer, liderando as tratativas pelo lado americano. Segundo eles, ambas as nações concordaram em reduzir as tarifas recíprocas em 115 pontos percentuais durante o período de suspensão.
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Com o acordo, as tarifas sobre produtos chineses importados pelos EUA cairão para 30%, enquanto as tarifas sobre produtos americanos importados pela China serão reduzidas para 10%. Essa mudança busca aliviar o impacto das tarifas elevadas, que, segundo Bessent, equivaliam a um “embargo” comercial entre os dois países.
“O consenso de ambas as delegações neste fim de semana é que nenhum dos lados quer um desacoplamento“, afirmou Bessent. “E o que estava ocorrendo com essas tarifas muito altas… era um embargo, o equivalente a um embargo. E nenhum dos lados quer isso. Queremos comércio. Queremos um comércio mais equilibrado. E acredito que ambos os lados estão comprometidos com isso.”
A notícia foi recebida com otimismo nos mercados financeiros. A Bolsa de Hong Kong registrou alta de mais de 3%, e o dólar americano se valorizou em relação ao iene e ao euro. Investidores esperam que a trégua possa trazer estabilidade à economia global, que vinha sendo abalada pelas incertezas da guerra comercial.
O Ministério do Comércio da China também se manifestou, classificando o acordo como um passo importante para a resolução das divergências e o estabelecimento de uma cooperação futura. Em comunicado, o ministério expressou a esperança de que os EUA abandonem a prática de aumentos tarifários unilaterais e trabalhem em conjunto para proteger o desenvolvimento das relações econômicas e comerciais.
Apesar do otimismo, analistas alertam para a necessidade de cautela. Jens Eskelund, presidente da Câmara de Comércio da União Europeia na China, ressaltou que a suspensão das tarifas é temporária e que há incertezas sobre o que pode acontecer após os 90 dias. Para ele, a previsibilidade é fundamental para que as empresas mantenham suas operações normais e tomem decisões de investimento.
Histórico da guerra comercial
A escalada da guerra comercial entre EUA e China teve início com a imposição de tarifas por parte do então presidente americano, Donald Trump, sobre produtos chineses. A China respondeu com medidas retaliatórias, elevando as tarifas sobre produtos americanos. Em abril, as tarifas dos EUA sobre a China chegaram a 145%, enquanto a China impôs tarifas de 125% sobre produtos americanos.
As altas tarifas impactaram o comércio bilateral, que em 2024 ultrapassou US$ 660 bilhões. A trégua de 90 dias busca dar tempo para que os dois países negociem um acordo mais abrangente e evitem novas escaladas na disputa comercial.