O estado do Rio Grande do Norte está em estado de alerta para uma possível epidemia de dengue em 2025, com a preocupação central voltada ao retorno do sorotipo 3 do vírus. Após um longo período sem grande circulação no Brasil, desde 2008, esse sorotipo tem gerado apreensão entre gestores de saúde e infectologistas. A principal recomendação para a população é redobrar os cuidados básicos, como evitar água parada e combater focos do mosquito Aedes aegypti, além de incentivar a vacinação.
Segundo o Ministério da Saúde, os sorotipos da dengue (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4) são variações do mesmo vírus que, apesar de pertencerem à mesma espécie, possuem diferenças em sua composição antigênica. Isso significa que uma infecção por um sorotipo não garante imunidade contra os outros.
O infectologista André Prudente, diretor geral do Hospital Giselda Trigueiro, explica: “O grande problema desse sorotipo 3 é que desde 2008 ele não circula com grande frequência e intensidade no Brasil. Isso faz com que tenhamos muitas pessoas suscetíveis a ele. Temos quatro sorotipos de dengue: quando a pessoa adoece uma vez pelo sorotipo 1, nunca mais ela vai adoecer por ele. Essa pessoa pode adoecer pelos outros. Como nos últimos anos o tipo 1 e 2 circularam com muita frequência, muitas pessoas adquiriram imunidade contra ele, então essas pessoas não vão adoecer, o que restaria um número reduzido de pessoas que ainda não têm anticorpos contra eles”.
Prudente acrescenta: “Já o sorotipo 3, que desde 2008 não circula, quer dizer que pessoas com 16, 17 anos, em quase 100% dos casos não têm imunidade contra esse tipo de vírus, deixando muitas pessoas expostas e susceptíveis a adoecerem, portanto, aumentando o número de pessoas doentes. Quanto mais doentes tivermos, maior a chance de termos casos graves que precisam de internação e isso acaba sobrecarregando o sistema público e o privado de saúde”.
Prevenção e cuidados essenciais
O médico infectologista reforça que os cuidados básicos são cruciais para evitar a proliferação do mosquito da dengue. As medidas de prevenção são as mesmas para todos os sorotipos: eliminar criadouros do Aedes aegypti, ou seja, locais onde a água limpa possa ficar parada. André Prudente finaliza: “A maneira de se precaver de qualquer um dos sorotipos é exatamente a mesma: eliminar os criadouros do *Aedes aegypti*, ou seja, locais onde a água limpa pode ficar parada. Então essa é a maneira mais eficaz, mas claro que existem outras, como repelentes, mosqueteiros e a vacina, que já existe e está bem ratificada. Quanto mais pessoas vacinadas menos casos teremos”.
Diana Rêgo, coordenadora de Vigilância em Saúde da Sesap, destacou que o estado não tem a presença do sorotipo DENV-3 da dengue. “No ano passado, só tivemos a identificação do 1 e do 2. Então, se viermos a ter a circulação desse sorotipo DENV-3, podemos vir a ter um número de pessoas com um desenvolvimento da forma grave da doença”, disse ela.
Ministério da Saúde envia testes rápidos para diagnóstico
Para auxiliar na identificação precoce dos casos, o Ministério da Saúde enviará 6,5 milhões de testes rápidos para todos os estados do país, com um investimento superior a R$ 17,3 milhões. Esta é a primeira vez que o governo federal envia esse tipo de teste, com o objetivo de ampliar a detecção de casos, especialmente em locais de difícil acesso. A distribuição dos testes começará na próxima semana e os gestores estaduais receberão orientações técnicas sobre o uso.
Na primeira remessa, serão distribuídos 4,5 milhões de testes, com os 2 milhões restantes mantidos como estoque estratégico. O Sistema Único de Saúde (SUS) já dispõe de outros dois tipos de testes para a dengue: o de biologia molecular e o sorológico, ambos disponíveis nos Laboratórios Centrais de Saúde Pública (Lacen). Com a nova adição, a população terá uma terceira opção, o teste rápido, que detecta a presença do vírus da dengue, mas não identifica o sorotipo específico. Esses testes estarão disponíveis nas unidades de saúde da rede pública.
Ethel Maciel, secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, ressalta que o teste rápido é uma ferramenta importante para ampliar a assistência, mas que a coleta de amostras deve continuar para identificar os sorotipos da dengue e outras arboviroses como Zika e chikungunya: “Não podemos esquecer a importância da manutenção da coleta das amostras, uma vez que o teste rápido não diferencia os sorotipos da dengue e nem outras arboviroses, como Zika e chikungunya”, afirma a secretária.
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