Cientistas desenvolveram uma nova vacina contra malária que utiliza mosquitos para sua aplicação, alcançando resultados significativamente superiores aos métodos atuais. Em um estudo realizado pelas universidades de Leiden e Radboud, na Holanda, oito em nove adultos jovens que receberam a nova vacina (GA2) ficaram protegidos contra a doença, enquanto apenas um em oito participantes do grupo controle, que recebeu a vacina anterior (GA1), obteve a mesma proteção.
A vacina GA2 utiliza uma versão geneticamente enfraquecida do parasita Plasmodium falciparum, causador da malária. Conforme explica a imunologista Meta Roestenberg, da Universidade de Leiden: "Esses parasitas debilitados são administrados por meio de uma picada de mosquito e atingem o fígado humano normalmente. Mas, devido ao gene desativado, esse parasita não consegue completar seu desenvolvimento no fígado, não consegue entrar na corrente sanguínea e, portanto, não causa sintomas da doença. Enquanto isso, essa infecção debilitada cria uma forte resposta imunológica no fígado, que pode proteger a pessoa de uma infecção real de malária no futuro."
A diferença chave reside no tempo de desenvolvimento do parasita no corpo. O P. falciparum da vacina GA2 leva quase uma semana para amadurecer no fígado, em comparação com 24 horas na versão GA1. Esse tempo adicional permite que o sistema imunológico reconheça e combata o parasita com mais eficácia. A GA2 também desencadeou um conjunto maior e mais diversificado de células imunológicas, o que explica sua maior eficácia.
Os efeitos colaterais observados foram leves, limitando-se principalmente a vermelhidão e coceira ao redor das picadas de mosquito. Todos os participantes receberam um tratamento com medicamentos antimaláricos após a coleta dos dados do estudo. Embora a aplicação da vacina por meio da picada de mosquito seja eficaz na pesquisa, o método não é considerado prático para aplicação em larga escala. O microbiologista clínico Matthew McCall, da Universidade Radboud, afirma: "Em resumo, o teste com nosso novo parasita GA2 debilitado apresenta um excelente desempenho. Agora, planejamos testar a vacinação com parasitas GA2 semelhantes na vida real."
A pesquisa foi publicada no New England Journal of Medicine. Apesar dos avanços no combate à malária, ainda são registrados quase 250 milhões de casos por ano e centenas de milhares de mortes. As vacinas atuais oferecem proteção em torno de 50-77% da população, muitas vezes por um período não superior a um ano.
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