O Dia Mundial de Enfrentamento da Hanseníase, celebrado anualmente no último domingo de janeiro, marca a campanha “Janeiro Roxo”, que busca conscientizar a população sobre a importância da detecção precoce dessa doença infectocontagiosa. A dermatologista Emanuela Menezes, do Hospital Universitário Onofre Lopes (Huol-UFRN/Ebserh), esclarece dúvidas sobre prevenção, sintomas e tratamento da hanseníase, abordando também as formas de transmissão.
A hanseníase é uma doença crônica causada pelo bacilo Mycobacterium leprae ou Mycobacterium lepromatosis, transmitida pelo contato próximo e prolongado com pessoas infectadas. Segundo Emanuela Menezes, é uma das doenças mais antigas documentadas e ainda representa um desafio de saúde pública em diversas regiões.
A hanseníase afeta principalmente a pele, nervos periféricos e mucosas do trato respiratório superior, podendo, em casos mais graves, atingir outros órgãos. Os principais sintomas incluem:
- Manchas na pele de coloração variada (claras, róseas ou avermelhadas) com perda de sensibilidade ao calor, frio, dor e/ou tato;
- Perda de pelos nas áreas afetadas, como sobrancelhas;
- Surgimento de caroços;
- Dormências, fraqueza, inchaço e formigamento nos pés e mãos;
- Sensação de choque nos membros;
- Problemas nas vias respiratórias altas e nos olhos;
- Em casos avançados, deformidades nas mãos, pés ou rosto.
A transmissão ocorre principalmente pela via respiratória, através de gotículas eliminadas por pessoas infectadas sem tratamento. No entanto, é necessário um contato prolongado para que o contágio aconteça.
Prevenção e tratamento
A prevenção da hanseníase envolve diagnóstico e tratamento precoces, vacinação e controle de contato com pessoas infectadas. Identificar e tratar a doença o mais cedo possível é crucial para prevenir a transmissão e possíveis complicações. A vacina BCG, utilizada contra a tuberculose, oferece alguma proteção contra a hanseníase, especialmente para contatos próximos de pacientes.
O controle da doença também inclui o monitoramento de familiares e contatos próximos, além de campanhas educativas para reduzir o estigma e incentivar a busca por tratamento. No Brasil, o tratamento é oferecido gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e é feito por meio da poliquimioterapia (PQT). O esquema de medicamentos varia conforme a forma clínica da doença:
- Paucibacilar (PB): tratamento de 6 meses com rifampicina e dapsona;
- Multibacilar (MB): tratamento de 12 meses com rifampicina, dapsona e clofazimina.
Além da PQT, outros cuidados são importantes, como o tratamento de complicações (reações hansênicas), reabilitação física para prevenir ou minimizar incapacidades e apoio psicossocial para combater o estigma associado à doença.
Hanseníase: um desafio de Saúde Pública
Emanuela Menezes destaca que a hanseníase ainda é um desafio de saúde pública. Apesar de ter cura, essa doença tropical negligenciada continua afetando muitas pessoas. Ela ressalta que a hanseníase não é apenas um problema médico, mas também uma questão social devido ao estigma e às barreiras enfrentadas pelos pacientes. Segundo a profissional, é fundamental que toda a sociedade se engaje na luta contra a discriminação, promovendo a inclusão e a dignidade de todos os afetados pela doença.
O Huol-UFRN faz parte da Rede Ebserh desde 2013. A Ebserh, vinculada ao Ministério da Educação (MEC), administra 45 hospitais universitários federais, que atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
O Janeiro Roxo, busca conscientizar a população sobre a importância da detecção precoce dessa doença infectocontagiosa.
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