Arritmia cardíaca relacionada ao álcool: entenda a ‘síndrome do coração de férias’

As festas de fim de ano costumam ser marcadas por encontros festivos, muitas vezes acompanhados de consumo excessivo de álcool. Mas essa combinação pode ter consequências graves para a saúde, especialmente para o coração. A arritmia cardíaca induzida pelo álcool, também conhecida como ‘síndrome do coração de férias‘ (‘holiday heart’), é uma condição que preocupa profissionais de saúde nessa época do ano.

A ‘síndrome do coração de férias’ se caracteriza por batimentos cardíacos rápidos ou irregulares, desencadeados pelo consumo excessivo de álcool, ou seja, o consumo de grandes quantidades de bebidas alcoólicas em um curto período de tempo. Os sintomas podem incluir palpitações, sensação de flutter no peito ou pescoço, tontura e falta de ar. Em casos graves, a pessoa pode precisar de atendimento médico em um pronto-socorro.

Este problema, conhecido há quase 50 anos, não se limita às festas de fim de ano, aparecendo também em indivíduos que praticam o consumo excessivo de álcool em qualquer época do ano ou em pessoas que bebem muito por muitos anos. De acordo com estudos, a condição é relatada há décadas, sendo observada com mais frequência após finais de semana e feriados prolongados.

Causas e diagnóstico da ‘síndrome do coração de férias’

O álcool afeta o coração, os vasos sanguíneos, o sangue e o sistema nervoso de diversas maneiras. A interrupção do funcionamento do sistema nervoso causada pelo álcool pode levar à desidratação e inflamação, o que, por sua vez, pode interromper o sistema elétrico do coração, resultando em arritmia cardíaca. Os sintomas podem variar de palpitações e dor no peito a desmaios (síncope) e falta de ar (dispneia). Em alguns casos, a arritmia pode ocorrer sem sintomas perceptíveis, sendo descoberta apenas durante investigações de outros problemas de saúde.

O diagnóstico envolve a realização de exames, como o eletrocardiograma (ECG), um teste simples e não invasivo que registra a atividade elétrica do coração. Para entender melhor a importância de exames como o ECG, leia mais sobre a prevenção de doenças cardíacas e a importância do acompanhamento médico, principalmente se você tem histórico familiar ou hábitos que aumentam o risco de problemas cardiovasculares. Os profissionais de saúde também podem solicitar um exame de sangue para avaliar os níveis de eletrólitos (minerais essenciais no sangue), marcadores de coagulação e inflamação, além da função renal e hepática. O ECG foca, muitas vezes, na onda P, representando a ativação elétrica dos átrios do coração.

Preocupações e tratamento

Na maioria dos casos, as pessoas diagnosticadas com ‘síndrome do coração de férias’ se recuperam completamente, principalmente se o tratamento for iniciado precocemente e o consumo de álcool for interrompido ou reduzido. Contudo, alguns indivíduos podem desenvolver fibrilação atrial, a arritmia mais comum em adultos, afetando entre 1,4% e 5,5% da população, segundo estudos. Pesquisa indica a prevalência da fibrilação atrial.

A fibrilação atrial não tratada aumenta o risco de coágulos sanguíneos, acidente vascular cerebral (AVC) e ataque cardíaco. O tratamento da fibrilação atrial pode incluir medicamentos para restaurar o ritmo cardíaco normal (cardioversão), cardioversão elétrica (usando um desfibrilador para aplicar um choque elétrico no coração) ou ablação cardíaca (um procedimento para destruir o tecido cardíaco que está causando a arritmia).

Prevenção

Não existe um número definido de doses de álcool que desencadeia a ‘síndrome do coração de férias’. A melhor forma de prevenção é evitar o consumo excessivo de álcool. Recomenda-se seguir as diretrizes de consumo moderado de álcool, limitando o consumo a no máximo dez doses padrão por semana para homens e mulheres, e no máximo quatro doses em um único dia.

Beber água entre as bebidas alcoólicas também ajuda a reduzir os efeitos desidratantes do álcool e o risco de complicações cardíacas. Os impactos do consumo excessivo de álcool na saúde são tão grandes que os custos para o SUS chegam a R$ 28 bilhões.

Além disso, manter uma dieta saudável para o coração, praticar exercícios físicos regularmente e gerenciar o estresse são medidas importantes para a saúde cardiovascular em geral, independente do consumo de álcool.