Papa Francisco morre aos 88 anos e Vaticano anuncia sucessão

Papa Francisco morre aos 88 anos e Vaticano anuncia sucessão
Vatican News / Reprodução

O Vaticano anunciou, na madrugada desta segunda-feira (21), o falecimento do Papa Francisco aos 88 anos. Jorge Mario Bergoglio, que liderou a Igreja Católica por quase 12 anos, faleceu às 7h35, horário local (2h35, horário de Brasília).

O Cardeal Carmelengo da Igreja, Kevin Farrell, comunicou a notícia com a seguinte declaração: Queridos irmãos e irmãs, é com profunda tristeza que devo anunciar a morte de nosso Santo Padre Francisco. Às 7h35 desta manhã, o bispo de Roma, Francisco, voltou para a casa do Pai. Toda a sua vida foi dedicada ao serviço do Senhor e de sua Igreja. Ele nos ensinou a viver os valores do evangelho com fidelidade, coragem e amor universal, especialmente em favor dos mais pobres e marginalizados. Com imensa gratidão por seu exemplo de verdadeiro discípulo do senhor Jesus, encomendamos a alma do Papa Francisco ao infinito amor misericordioso do Deus Uno e Trino.

Eleito em 13 de março de 2013, Francisco foi o 266º papa da Igreja Católica, sucedendo Bento XVI. Sua eleição marcou a história como o primeiro papa latino-americano.

O falecimento ocorre após um período em que o Papa Francisco se recuperava de uma pneumonia que o manteve internado por cerca de 40 dias. Recentemente, ele havia aparecido publicamente durante as celebrações da Páscoa, após ter sua saúde fragilizada.

Repercussão no Brasil

Políticos e autoridades brasileiras manifestaram pesar pela morte do pontífice.

O ex-presidente Jair Bolsonaro declarou: O mundo e os católicos se despedem daquele que ocupava uma das figuras mais simbólicas da fé cristã: o Papa. Mais que um líder religioso, o papado representa a continuidade de uma tradição milenar, guardiã de valores espirituais que moldaram civilizações. Para o Brasil e o mundo, a figura do Papa sempre foi sinal de unidade, esperança e orientação moral. Sua partida nos convida à reflexão e à renovação da fé, lembrando-nos da força da espiritualidade como guia para tempos de incerteza.”

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, expressou: Papa Francisco, luz eterna. O Papa Francisco foi um grande defensor do acesso gratuito à saúde, durante toda a pandemia ergueu sua voz em favor da vacina contra o negacionismo, orou pelos doentes, pelos médicos e por todos os profissionais da saúde. Tive a graça de conhecer pessoalmente o Papa Francisco durante sua visita ao Rio de Janeiro. Francisco fez questão de visitar o nosso querido SUS — estivemos juntos em uma unidade de saúde que implantamos durante minha primeira gestão no Ministério da Saúde. Hoje nos despedimos de Francisco, que, como São Francisco de Assis, pregou o Evangelho com a própria vida. Que sua luz continue a iluminar os caminhos da Igreja. Descanse em paz, Papa Francisco.”

José Guimarães, líder do governo na Câmara, afirmou: Um líder humanista que cuidou da Igreja católica como nenhum outro. Nos deixa muita saudade, mas sobretudo referência de vida e de amor ao próximo. Descanse em paz, Papa Francisco.”

Arthur Lira, deputado federal, disse: O Brasil e o mundo amanheceram tristes com a notícia da morte do Papa Francisco. Líder da Igreja Católica, Francisco nos deixa um legado de amor ao próximo, de determinação na luta pelo fim dos conflitos, de preocupação com o planeta.”

A deputada federal Duda Salabert lamentou: Perdemos hoje uma das vozes mais humanas da fé. Papa Francisco foi uma luz progressista que criticou o fascismo, defendeu os pobres, acolheu minorias e denunciou a destruição do planeta. Hoje, o mundo perde mais que um líder religioso. Perde um símbolo de coragem.”

Legado e reformas

Durante seus quase 12 anos de pontificado, Papa Francisco promoveu diversas reformas na Igreja Católica. A maior simplicidade no papado foi uma de suas marcas, optando por residir na Casa Santa Marta em vez do Palácio Apostólico e utilizando carros populares.

Francisco também priorizou a nomeação de bispos e cardeais com visão pastoral e incentivou a sinodalidade, um estilo de Igreja mais consultivo e participativo.

A nova Constituição Apostólica, *Praedicate Evangelium*, promulgada em 2022, permitiu que leigos colaborassem diretamente com o Papa, inclusive em cargos de governo. Francisco também buscou dar maior visibilidade e autoridade às mulheres na Igreja.

Embora não tenha alterado normas de moral sexual, adotou uma abordagem mais acolhedora, defendendo que na Igreja há lugar para “todos, todos, todos”. Permitiu que padres abençoassem casais em situações consideradas “irregulares”, como homoafetivos e divorciados em segunda união.

Em relação aos abusos na Igreja, Francisco adotou uma postura de “tolerância zero” com abusadores, implementando medidas para prevenir e punir tais crimes.

CNBB e o legado de diálogo e tolerância

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) emitiu uma mensagem em homenagem ao Papa Francisco, destacando seu legado de tolerância e diálogo. A CNBB o descreve como o papa que “chora com os migrantes”, que “pede orações ao povo de Deus” e “lamenta a crueldade”.

A CNBB relembrou gestos marcantes do pontífice, como sua visita à ilha de Lampedusa, o pedido de perdão pela crueldade nos campos de concentração nazistas e a defesa dos povos da Amazônia.

Com a morte do Papa Francisco, o Vaticano se prepara para o período de Sé Vacante. O Colégio dos Cardeais se reunirá para decidir os detalhes do funeral e iniciar o processo de eleição do novo pontífice em um Conclave.

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