O governo dos Estados Unidos, sob a liderança do secretário de Estado Marco Rubio, implementou uma suspensão de 90 dias em quase todos os repasses de ajuda financeira destinados à Ucrânia. A medida, divulgada pelo portal Politico na sexta-feira (23), surge após o presidente Donald Trump ordenar uma revisão abrangente de todos os programas de assistência externa do país.
De acordo com a publicação, Rubio instruiu os postos diplomáticos e consulares a emitirem “ordens de paralisação” para quase todos os “projetos de assistência externa existentes”. A decisão, que teria causado “choque” entre funcionários do Departamento de Estado, parece abranger inclusive o financiamento para auxílio militar à Ucrânia. Segundo a revista, a orientação de Rubio impede quaisquer ações adicionais para liberar fundos para programas já aprovados pelo governo americano.
A BBC, que também teve acesso ao memorando do Departamento de Estado, reportou que a suspensão parece “afetar tudo, desde assistência para desenvolvimento até ajuda militar”. Apesar do Pentágono ter informado anteriormente à Voz da América que a suspensão não impactaria a “assistência de segurança para a Ucrânia”, o memorando de Rubio teria concedido exceções apenas para ajuda militar a Israel e Egito, sem mencionar outros países.
O jornalista Ken Klippenstein divulgou o que seria uma cópia da orientação de Rubio, que “suspende todas as novas obrigações de financiamento, pendente de revisão, para programas de assistência externa” financiados pelo Departamento de Estado e pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID).
O presidente Trump, que assumiu o cargo na segunda-feira (20), ordenou a suspensão de 90 dias de toda “assistência externa para desenvolvimento, para avaliação das eficiências programáticas e da consistência com a política externa dos Estados Unidos”.
Um oficial da USAID informou à Reuters que, entre os programas afetados, estão aqueles que fornecem auxílio para escolas e saúde, incluindo cuidados emergenciais para mães e vacinação infantil. De acordo com o site da agência, desde fevereiro de 2022, a USAID destinou US$ 2,6 bilhões em ajuda humanitária, US$ 5 bilhões em assistência para desenvolvimento e mais de US$ 30 bilhões em “apoio orçamentário direto”.
O Pentágono informa que os Estados Unidos forneceram aproximadamente US$ 66 bilhões em ajuda militar à Ucrânia desde fevereiro de 2022. Trump tem sido um crítico recorrente da política de seu antecessor, Joe Biden, de aprovar ajuda incondicional à Ucrânia, e prometeu implementar medidas de corte de gastos. Ele também prometeu negociar rapidamente um acordo de paz entre Moscou e Kiev.
A decisão de suspender a ajuda financeira ocorre em meio a um movimento de Trump para endurecer as políticas de imigração e deportar imigrantes ilegais. Um avião militar dos EUA decolou com 158 imigrantes deportados com destino ao aeroporto de Confins, em Minas Gerais, na última quarta-feira (22). A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, anunciou que 538 imigrantes ilegais foram presos desde a posse de Trump e que o governo está intensificando o patrulhamento da fronteira.
Paralelamente, o México recusou a autorização para que um avião militar americano com imigrantes deportados pousasse em seu território. A decisão teria sido motivada pela falta de aprovação do plano de voo por parte das autoridades mexicanas. O México está estabelecendo nove centros de acolhimento ao longo da fronteira com os EUA para receber os cidadãos mexicanos que forem deportados, indicando preocupações com uma potencial crise na região.
O jornal The New York Times também reportou que o governo Trump autorizou o Serviço de Imigração e Controle de Alfândega dos EUA (ICE) a realizar deportações instantâneas, devolvendo imigrantes recém-chegados ao México sem cumprir os protocolos internacionais.
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