O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fez declarações polêmicas nessa segunda-feira (20) ao comentar a relação entre os EUA e o Brasil. Durante uma entrevista no Salão Oval, ele falou que o Brasil depende (na visão dele) economicamente dos americanos e ameaçou impor tarifas pesadas caso o Brics avance na proposta de diminuir o uso do dólar no comércio internacional.
Questionado sobre o tema, Trump afirmou: “Eles precisam de nós. Nós não precisamos deles. Todos precisam de nós“. Ele se referia à proposta liderada pelo Brics, bloco que reúne dez países emergentes, para adotar moedas locais no comércio internacional, o que poderia reduzir a influência do dólar globalmente. O republicano foi enfático ao descartar a possibilidade de sucesso do plano: “Não há como fazer isso. Vão desistir”, disse.
Atualmente, o Brasil ocupa a presidência do bloco e tem como prioridade a facilitação dos fluxos de exportação, incluindo o uso de moedas locais para transações comerciais. Apesar da crítica, Trump demonstrou um entendimento superficial do grupo, ao declarar que o Brics teria “uns seis ou sete países“, quando na realidade conta com dez membros.
Lula defende diplomacia e parceria histórica
No mesmo dia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva abordou a relação Brasil-EUA em um tom conciliador. Durante a primeira reunião ministerial do ano, Lula afirmou que deseja uma relação diplomática harmoniosa com todas as nações, destacando que o Brasil não busca conflitos com nenhuma potência, incluindo os Estados Unidos.
“Tem gente que fala que a eleição do Trump pode causar problema na democracia mundial“, pontuou Lula. “O Trump foi eleito para governar os Estados Unidos e eu, como presidente do Brasil, torço para que ele faça uma gestão profícua para que o povo americano melhore e para que os EUA continuem a ser o parceiro histórico que é do Brasil“, declarou.
O presidente brasileiro ainda reforçou sua posição de evitar disputas: “Da nossa parte, não queremos briga, nem com a Venezuela, nem com os americanos, nem com a China, nem com a Índia, nem com a Rússia. Nós queremos paz, harmonia, ter uma relação onde a diplomacia seja a coisa mais importante, não a desavença, não a encrenca“.
Cuba e Venezuela no foco de Trump
Além das críticas ao Brics, Trump endureceu sua postura em relação a Cuba e Venezuela. Ele assinou um decreto que recoloca Cuba na lista de países que patrocinam o terrorismo, revertendo a decisão tomada por Joe Biden no final de seu mandato. A medida reinstaura sanções contra Havana, contrariando iniciativas anteriores de suavizar o bloqueio à ilha.
Na Venezuela, Trump indicou que não comprará mais petróleo do país. Embora as exportações de petróleo venezuelano para os EUA tenham sido retomadas recentemente, graças a um acordo para permitir eleições em Caracas, o ex-presidente descartou qualquer dependência do recurso: “Vamos parar de comprar. Não precisamos“, afirmou.
Essas declarações reforçam a intenção de Trump em adotar uma postura dura contra governos de esquerda na América Latina, o que pode impactar diretamente as relações comerciais e diplomáticas na região.
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