A Argentina alcançou seu primeiro superávit orçamentário anual em mais de dez anos, um marco significativo após a implementação de medidas de choque econômico pelo presidente Javier Milei. O resultado fiscal positivo, equivalente a 0,3% do Produto Interno Bruto (PIB), totalizou 1,76 trilhão de pesos (aproximadamente US$ 4,5 bilhões) em 2024, conforme anúncio do Ministério da Economia na última sexta-feira. Este é o primeiro superávit desde 2010, contrastando com os déficits de 2,4% e 2,9% do PIB registrados em 2022 e 2023, respectivamente.
A economia argentina enfrentava desafios consideráveis, incluindo uma inflação que ultrapassou 211% em 2023, o índice mais alto desde o início dos anos 1990. Além disso, o país vivenciou uma recessão em 2023 e nos dois primeiros trimestres de 2024. Em resposta à crise, o presidente Milei, um economista de linha libertária, implementou um severo plano de austeridade. As medidas incluíram:
- Desvalorização da moeda nacional em 52%;
- Demissão de mais de 33.000 funcionários do setor público;
- Cortes em subsídios estatais para transporte, combustível e energia.
“Déficit zero é uma realidade”, declarou Milei em suas redes sociais, acrescentando que “promessas estão sendo cumpridas.” As ações governamentais impactaram a inflação, que chegou a quase 300% em abril, mas apresentou uma queda constante, atingindo 117,8% em dezembro. Dados oficiais também indicaram que a Argentina saiu da recessão no trimestre de julho a setembro do ano passado, com um crescimento de 3,9% no PIB.
O Ministro da Economia, Luis Caputo, reforçou o compromisso do governo em manter a disciplina fiscal em 2025. O Fundo Monetário Internacional (FMI) também se manifestou positivamente sobre os resultados econômicos argentinos. A diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, descreveu o progresso do país como uma “transformação notável” após uma reunião com Milei, destacando a eliminação do déficit fiscal, a desaceleração da inflação e a melhora nas perspectivas de crescimento econômico. O FMI havia aprovado um pacote de resgate de US$ 57 bilhões para a Argentina em 2018, o maior empréstimo da história da instituição na época.
No entanto, as medidas de austeridade de Milei têm gerado controvérsia interna. Segundo o Buenos Aires Times, as políticas implementadas empurraram mais 5 milhões de pessoas para a pobreza apenas no primeiro semestre de 2024. O país também presenciou uma série de protestos contra as medidas econômicas de Milei no ano anterior, incluindo confrontos violentos em junho, quando o Senado argentino aprovou o pacote de reformas do presidente.
Em meio a este cenário, o governo segue com seu plano de recuperação econômica, que gera debates e polarização política. O FMI prevê recuperação econômica robusta da Argentina e eleva projeção de crescimento global.
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