O Ibovespa encerrou a semana com um forte desempenho, acumulando alta de 3,14% nas últimas três sessões, o melhor resultado desde agosto de 2024, quando avançou 3,78%. Nesta sexta-feira (14), o índice da B3 fechou em alta de 2,64%, atingindo 128.957,09 pontos, após oscilar entre 125.646,73 e 129.194,14 pontos.
O volume de negociações do dia somou R$ 27,3 bilhões. No acumulado do mês, o Ibovespa registra alta de 5,01% e, no ano, 7,21%.
O mercado doméstico acompanhou a recuperação em Nova York, mesmo após uma semana negativa para os índices americanos, que apresentaram perdas entre 2,27% (S&P 500) e 3,07% (Dow Jones). Na sessão de sexta, houve alta entre 1,65% (Dow Jones) e 2,61% (Nasdaq). A queda do dólar, cotado a R$ 5,7433 (recuo de 0,98%), também indica que investidores buscam diversificação diante das incertezas sobre o protecionismo nos Estados Unidos.
Em fevereiro, a B3 registrou um volume financeiro médio diário de R$ 25,714 bilhões, representando um aumento de 9,1% em relação a janeiro, apesar da queda de 1,2% na comparação com o mesmo mês de 2024. O volume diário no mercado à vista de ações foi de R$ 24,850 bilhões, com queda de 0,4% na comparação anual, mas um avanço mensal de 9,7%.
Apesar do aumento na curva de juros doméstica e do adiamento da votação do Orçamento para abril, devido a viagens dos presidentes da Câmara e do Senado, o Ibovespa conseguiu manter o ritmo de alta, atingindo o maior nível de fechamento desde 11 de dezembro. Inclusive, em momentos anteriores, o Ibovespa superou 125 mil pontos impulsionado por Vale, Petrobras e bancos.
Destaques do pregão
Blue chips como Vale (ON +3,28%), Petrobras (ON +3,90%, PN +3,08%) e Itaú (PN +3,25%) se destacaram positivamente. No topo das altas, figuraram Automob (+16,67%), Magazine Luiza (+13,48%) e CSN (+11,82%). No lado oposto, Natura (-29,94%) sofreu forte queda após a decepção do mercado com seus resultados do quarto trimestre, seguida por Azzas (-10,42%) e LWSA (-4,33%).
Segundo Ian Lopes, economista da Valor Investimentos, o avanço do minério na China e o alívio nas tensões comerciais em torno dos Estados Unidos impulsionaram a Vale. Em Dalian, o contrato futuro mais negociado do minério de ferro teve alta de 2,32%, cotado a US$ 109,59 por tonelada.
Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, ressalta que a expectativa por novos estímulos na China contribuiu para o bom desempenho das commodities e de mercados emergentes como o Brasil. Ele também observa que o movimento de alta representa uma recuperação natural para o Ibovespa, considerando o nível de precificação local e a correção nos índices americanos.
Spiess pondera que ainda há incertezas em relação às tarifas de Trump, mas a diminuição do ruído em torno do protecionismo contribuiu para a mitigação de danos, especialmente em Nova York. “Rotação setorial começa a fazer sentido, dentro dos Estados Unidos e para outras regiões também, o que se reflete em fluxo estrangeiro inclusive para Brasil após um fim de 2024 bem ruim. Valuation continua atrativo“, afirma.
Bruna Centeno, sócia e advisor da Blue3 Investimentos, destaca que a reviravolta no apetite por risco foi impulsionada também por uma nova pesquisa de popularidade, em baixa, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Reprovação do governo Lula tem chamado atenção para a sucessão de 2026, o que contribui também para a Bolsa“, acrescenta.
Apesar do otimismo recente, o mercado financeiro se mostra um pouco mais conservador em relação ao curto prazo. O Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira indica que a fatia dos participantes que esperam ganhos para o Ibovespa na próxima semana recuou para 42,86%, ante 50% na edição anterior. Os que preveem estabilidade agora são 14,29%, de 16,67%. E a parcela dos que estimam uma semana de perdas para o índice subiu de 33,33% para 42,86%.
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