O mercado financeiro brasileiro apresenta um cenário misto nesta quinta-feira (20). O Ibovespa registra leve alta impulsionado por resultados trimestrais positivos de empresas como Vale e Assaí, enquanto o dólar recua frente ao real, acompanhando a tendência global, com investidores atentos às incertezas geopolíticas e comerciais.
Às 10h11, o Ibovespa subia 0,1%, atingindo 127.441,73 pontos. O contrato futuro do índice, com vencimento em 16 de abril, apresentava variação positiva de 0,08%.
Simultaneamente, às 9h42, o dólar à vista registrava queda de 0,47%, cotado a R$5,6990 na venda. Na B3, o contrato futuro de dólar com primeiro vencimento tinha baixa de 0,32%, a R$5,711 na venda.
Cenário externo e o dólar
A desvalorização do dólar frente ao real acompanha o movimento global, influenciado por um processo de correção de preços da moeda americana. Agentes financeiros sinalizam uma mudança de percepção em relação ao novo governo dos Estados Unidos, que completa um mês nesta quinta-feira. Inicialmente, predominava a visão de que as medidas prometidas pelo presidente Donald Trump durante a campanha – como tarifas e deportações em massa – seriam inflacionárias, favorecendo o dólar. No entanto, os mercados agora avaliam que as ameaças tarifárias são mais uma tática de negociação do que um plano concreto, provocando perdas para a moeda norte-americana no início do ano. Inclusive, Trump ameaça impor tarifas de até 100% a países do Brics que criarem moeda própria, um tema que tem gerado debates acalorados.
Em seu mais recente anúncio, na quarta-feira, Trump informou que novas tarifas serão anunciadas no próximo mês ou antes, incluindo madeira e produtos florestais nos planos de taxar carros importados, semicondutores e produtos farmacêuticos. Após declarações de Trump sobre tarifas de reciprocidade, o Ibovespa fechou em alta, mostrando a sensibilidade do mercado às falas do presidente.
Ainda assim, as propostas de Trump geraram preocupação no Federal Reserve com o aumento da inflação. Segundo a ata da reunião de janeiro do Fed, empresas informaram ao banco central que esperam aumentar os preços para repassar os custos das tarifas de importação.
Além disso, as negociações pelo fim da guerra entre Ucrânia e Rússia também estão no radar dos investidores. Recentemente, Trump acusou a Ucrânia de ter iniciado a guerra e chamou o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, de “ditador sem eleições”.
Cenário interno
Internamente, o dólar passa por um processo de correção após sua alta no fim do ano passado, impulsionada por temores do mercado com o cenário fiscal brasileiro. No ano, a moeda dos EUA acumula baixa de 7,8% frente ao real. O cenário doméstico também está influenciado por outros fatores, como a aceleração da inflação no atacado e varejo com alta do café e bovinos, conforme indicado pelo IGP-10.
Investidores seguem preocupados com a trajetória da inflação no país, que permanece acima do teto da meta perseguida pelo Banco Central. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva mencionou que o governo realizará uma reunião com atacadistas para avaliar como reduzir os preços dos alimentos. Enquanto isso, a Vale (VALE3) anuncia dividendos de R$ 9 bilhões e recompra de ações, apesar da queda no lucro do 4º trimestre, mostrando a resiliência de algumas empresas no mercado.
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