As ações da Azul (AZUL4) registraram uma notável valorização no pregão desta quarta-feira (22), com alta de 8,14%, sendo negociadas a R$ 4,65 por volta das 13h30. Mais cedo, os papéis da companhia aérea chegaram a subir 10%, atingindo R$ 4,75. O movimento de alta foi impulsionado pela notícia da contratação do advogado Luiz Augusto Hoffmann para defender a fusão entre Azul e Gol no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Hoffmann, que atuou como conselheiro do Cade entre 2019 e 2023, junta-se a Carlos Ragazzo, ex-superintendente-geral (2012-14) e conselheiro (2008-12) do Cade, que atuará como consultor econômico na operação. A Abra, holding que controla a Gol e a Avianca, também conta com o apoio do escritório Caminati Bueno Advogados, especializado em direito concorrencial e antitruste. De acordo com Rafael Passos, analista da Ajax Asset Management, a contratação de Hoffmann fortalece o grupo Abra no processo de fusão, que está sujeito a aprovações regulatórias, incluindo o aval do Cade.
Em paralelo, as ações da Gol (GOLL4) apresentaram leve alta de 0,59%, cotadas a R$ 1,71. O Memorando de Entendimentos (MoU) entre a Azul e o Grupo Abra, assinado na semana passada, deu início ao processo de fusão entre as companhias. Além disso, a Azul também informou os resultados finais das ofertas de troca de notas emitidas no exterior, com adesão de 99,69% das notas com vencimento em 2028, 98% das notas com vencimento em 2029 e 94,51% das notas com vencimento em 2030.
O mercado também acompanha o cenário internacional. As bolsas de Nova York operam em alta, impulsionadas principalmente por empresas de tecnologia. O índice Nasdaq lidera os ganhos, com valorização de 1,43%. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou um investimento de US$ 500 bilhões em infraestrutura de inteligência artificial generativa, em parceria com empresas como OpenAI, Oracle e Softbank. A Oracle, em particular, disparou mais de 7% na sessão. O projeto, que prevê a criação de um centro de dados no Texas e mais de 100 mil empregos, será gerenciado pela empresa Stargate.
A Netflix (NFLX; Nasdaq) também é destaque positivo na sessão, com alta superior a 10%, após divulgar resultados do quarto trimestre de 2024 acima do esperado. A plataforma de streaming atraiu 18,9 milhões de novos assinantes, superando a projeção dos analistas de 9,18 milhões. Esse crescimento foi impulsionado pela estreia na transmissão de eventos esportivos ao vivo e pelo otimismo em relação a lançamentos em 2025. A empresa ainda anunciou recompra de ações no valor de US$ 15 bilhões e aumento de preços de planos nos EUA.
No lado oposto, a Johnson & Johnson (JNJ; Nyse) apresentou queda de mais de 3%, devido à previsão de vendas para 2025 abaixo do esperado pelo mercado. Outro fator que influencia o mercado é a ameaça de Trump de taxar a China em 10% a partir de fevereiro. A medida é vista como mais suave do que os 60% inicialmente cogitados, o que impacta positivamente o mercado.
Os futuros de ouro também subiram, aproximando-se de sua máxima histórica, devido às preocupações com tarifas comerciais. O metal avançou 0,40%, a US$ 2.770,59 por onça-troy. A Mirabaud aponta que o ouro pode seguir em alta nos próximos meses, com potencial para atingir US$ 3.380, um aumento de 22% em relação ao seu nível atual, após um possível corte de juros pelo Federal Reserve (Fed).
Enquanto isso, os juros oferecidos pelos títulos públicos no Tesouro Direto operam em alta, influenciados pelas sinalizações do governo Trump em relação às tarifas comerciais. O título atrelado ao IPCA com vencimento em 2029 está pagando juros de 7,89%, enquanto o prefixado para 2027 paga 15,14% ao ano. É importante notar que taxas e preços dos títulos são inversamente proporcionais: quanto maior a taxa, menor o preço.
No âmbito econômico, um estudo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) apontou que, embora o número de famílias endividadas tenha diminuído, a inadimplência aumentou em dezembro de 2024, atingindo 13% — o maior nível da série histórica. As famílias com renda de até três salários mínimos são as mais afetadas. O estudo aponta que 80,5% desse grupo apresentou dívidas em 2024.
Adicionalmente, o BTG Pactual analisa que a Petrobras pode reajustar os preços dos combustíveis devido ao risco de escassez, já que a defasagem nos preços da gasolina e do diesel em relação ao mercado internacional é de 11% e 18%, respectivamente. Embora essa defasagem não afete diretamente os resultados da empresa no momento, a manutenção da diferença pode causar escassez, uma vez que o Brasil depende da importação para suprir a demanda, principalmente de diesel.
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