O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) indeferiu os pedidos de habeas corpus impetrados pela defesa de quatro jogadoras do River Plate, da Argentina. As atletas foram detidas em flagrante na última sexta-feira (20) por injúria racial durante uma partida contra o Grêmio, e permanecerão presas preventivamente.
As jogadoras Camila Duarte (zagueira), Juana Cángaro (lateral), Candela Díaz (volante) e Milagros Díaz (meia) estão detidas na penitenciária do Carandiru, em São Paulo. A prisão preventiva foi decretada após audiência de custódia no sábado (22), e a defesa das jogadoras alegou que elas estão “sofrendo ilegal constrangimento por parte do Juiz de Direito do Plantão Judiciário da Comarca de São Paulo”. A equipe jurídica argumentou que a manutenção da prisão sob a justificativa de que elas não possuem residência fixa no país seria infundada, já que o River Plate se comprometeu a apresentá-las à Justiça sempre que necessário.
Decisão do TJ-SP
Os relatores Alberto Anderson Filho e Hermann Herschander, responsáveis pela análise dos pedidos de habeas corpus, decidiram manter a prisão preventiva, justificando a medida pela “gravidade concreta da conduta” e pela necessidade de “evitar novos crimes”. Eles também consideraram insuficiente o compromisso firmado pelo clube argentino, destacando que “não tem qualquer poder sobre o direito de ir e vir de seus empregados”.
Entenda o Caso
A confusão ocorreu durante o jogo entre River Plate e Grêmio, pela Ladies Cup, no estádio do Canindé, em São Paulo. Após o Grêmio empatar a partida, houve um desentendimento no qual Candela Díaz foi flagrada fazendo gestos que simulavam um macaco em direção a um gandula. A defesa argumentou que o gandula teria provocado uma “atitude de revide”, gesticulando com a mão em seus órgãos genitais anteriormente. Em seguida, as quatro jogadoras teriam proferido ofensas racistas contra o gandula.
Repercussão
A ação das jogadoras do River gerou uma confusão generalizada em campo, com as atletas do Grêmio reagindo às ofensas racistas. O clube gaúcho divulgou uma nota informando que suas jogadoras também foram vítimas de injúrias raciais por parte das atletas argentinas. A situação culminou na expulsão de seis jogadoras do River, incluindo as quatro acusadas, o que encerrou a partida por falta de número mínimo de atletas em campo. Além de Candela, Milagros, Camila e Juana, também foram expulsas a goleira Lara Esponda e a volante Julieta Romero.
O River Plate se manifestou em suas redes sociais, repudiando os atos discriminatórios e afirmando que tomará medidas disciplinares. Com o encerramento da partida, o Grêmio foi declarado vencedor e se classificou para a final da Ladies Cup, conquistando o título ao vencer o Bahia nos pênaltis.
A defesa das jogadoras já havia tentado um habeas corpus, que foi negado. Este caso se soma a outros de jogadoras do River Plate que tiveram prisão preventiva decretada por racismo.
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