Embora muitas questões sobre o cenário central de Alice in Borderland permaneçam sem resposta, os desenvolvimentos na 2ª temporada da série sugeriram seu propósito. A produção é frequentemente comparada com Round 6 devido ao seu formato similar de “jogo de sobrevivência do episódio”.
No entanto, além de ter alguns temas semelhantes e apresentar jogos de sobrevivência, as duas obras não são tão parecidas assim. Ao contrário de Round 6, Alice in Borderland mantém um ar de ambiguidade em torno de seu cenário e o propósito de sua criação.
A série também envolve nuances sobrenaturais, onde seu cenário primário não só se desenrola em uma versão alternativa do mundo real, mas também tem uma passagem de tempo relativamente diferente. Devido a isso, um dos principais conflitos nas 1ª e 2ª temporadas do drama japonês gira em torno da busca dos personagens para descobrir onde eles estão e o que devem fazer para retornar ao mundo real.
Mesmo após o final da 2ª temporada, muitas perguntas sobre o cenário principal permanecem sem resposta. No entanto, a série deixou pistas e detalhes suficientes para dar espaço à especulação.
A Borderland é um estado entre a vida e a morte
Antes de Arisu e seus amigos se encontrarem na Borderland no episódio de abertura da 1ª temporada, eles se escondem dentro de um banheiro na Estação Shibuya. Quando eles saem da estação, de repente se encontram em uma versão abandonada de Tóquio, sem humanos à vista. Como a série não revela onde eles estão e como acabaram no estranho local em seu arco de abertura, é difícil não associar sua configuração de história ao tropo de anime Isekai, no qual os personagens são magicamente transportados para uma terra fantástica.
A verdadeira natureza do cenário fantástico da série se torna um pouco mais evidente quando o final da 2ª temporada mostra como os sobreviventes dos jogos da Borderland acordam no mundo real. A sequência final sugere que todos os jogadores da Borderland estavam entre a vida e a morte, presos em um estado de limbo sem fim.
Arisu e os outros estavam lutando por suas vidas em um hospital no mundo real
O final da 2ª temporada revela que, momentos antes de Arisu e seus amigos se encontrarem na Borderland, um desastre de meteorito atingiu Tóquio. O desastre causou muitas mortes e ferimentos. Todos os personagens que acabaram no lugar misterioso como jogadores estavam, na verdade, inconscientes no mundo real. Aparentemente, apenas sua consciência havia se movido para a Borderland, onde os jogos serviram como um teste de sua vontade de sobreviver.
Aqueles que desejavam retornar ao seu mundo após sobreviver aos jogos acordaram em um hospital no mundo real. Enquanto isso, outros que optaram por ficar nos jogos como cidadãos ou morreram durante eles faleceram no mundo real. Devido a isso, é difícil não ver os jogos como uma metáfora para a vontade de sobreviver. Apenas aqueles com vontades fortes lutaram nos jogos, o que simbolizou a capacidade de seus corpos de resistir e a determinação de suas mentes de mantê-los vivos.
No entanto, o final da 2ª temporada também levanta uma questão existencial sobre se os destinos dos jogadores estavam sob seu controle. Se os jogos serviram meramente como um reflexo de seus destinos no mundo exterior, eles nunca realmente tiveram a escolha de determinar seus destinos nos jogos e, por sua vez, no mundo real. Por outro lado, se os jogos fossem um teste para determinar a aptidão de alguém para retornar ao mundo real, então a sobrevivência dos jogadores dependia principalmente de sua capacidade de confrontar alguns de seus medos e desejos mais profundos enquanto jogavam os jogos.
Arisu estava sonhando o tempo todo?
Como Arisu acorda no mundo real depois de vencer os jogos e escolher voltar para casa, seria justo dizer que os jogos foram meio que um sonho. No entanto, considerando como os destinos de Arisu e dos outros sobreviventes aparentemente dependiam de seu desempenho nos jogos, a Borderland pode ser vista como um sonho realisticamente infernal que pode até matar aqueles que não conseguem superar seus desafios. Alice in Borderland termina com uma reviravolta massiva que revela que, apesar de sobreviver à Borderland e vencer todos os jogos de cartas com rosto, Arisu ainda tem que enfrentar outro antagonista: o Coringa.
Antes que os créditos da 2ª temporada comecem a rolar, a série indica que o Coringa ainda é uma figura iminente sobre Arisu e as vidas dos outros sobreviventes, mesmo que eles tenham conseguido escapar da Borderland. Esse desenvolvimento da história torna difícil não se perguntar se Arisu ainda está sonhando e foi enganado ao acreditar que está vivo no mundo real. Arisu e todos os jogadores sobreviventes também não têm memórias da Borderland depois que acordam no mundo real. Devido a isso, se seu retorno ao mundo real for outra ilusão e teste de sobrevivência, seria interessante ver como a 3ª temporada se desenrolará.
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Quem controla a Borderland?
A Rainha de Copas é apresentada como o desafio final na jornada de Arisu e seus amigos para sobreviver à Borderland. No entanto, como a série confirma, ela não controla a Borderland. Como todas as cartas com rosto, ela também é uma cidadã da Borderland que já jogou os jogos e optou por ficar para trás voluntariamente. A escolha entre deixar os jogos ou ficar para trás como cidadão é dada aos jogadores por um poder superior que está até mesmo acima das cartas com rosto.
O mangá original nunca revela quem é esse poder abrangente. Ele só termina com Arisu e os sobreviventes retornando ao seu mundo real. Até mesmo o Coringa no material original é tratado mais como um “barqueiro” que transporta os mortos para a vida após a morte do mundo dos vivos. Embora o mangá indique que ele pode ser o poder superior governante por trás dos jogos, ele nunca confirma seu papel. Como o final da 2ª temporada parece estabelecer o Coringa como o desafio final na busca de Arisu, ele pode ser retratado como o senhor supremo por trás dos jogos na 3ª temporada.
O que realmente é a Borderland em Alice in Borderland?
Dado como a Borderland testa a vontade de sobreviver e continuar vivendo apesar das probabilidades esmagadoras, ela pode ser vista como uma representação metafórica do purgatório. Muitos espectadores reclamaram da questão da armadura de enredo da 2ª temporada. No entanto, a armadura de enredo foi aparentemente menos uma falha na história e mais uma representação de como alguns personagens estavam dispostos a superar todas as lesões e traumas em vez de se contentar com a morte.
Devido a isso, mesmo depois que os personagens sobreviventes aprendem sobre tudo o que perderam durante o desastre do meteorito, eles optam por seguir em frente com suas vidas em vez de desistir dela. Sua vontade de olhar para o que está por vir destaca o motivo pelo qual apenas eles sobreviveram. Até mesmo os melhores amigos de Arisu, Chota e Karube, sacrificaram suas vidas nos primeiros episódios porque sabiam que, mais do que eles, Arisu tinha uma forte vontade e razão para sobreviver no mundo real. Eles perceberam que, ao contrário deles, ele poderia fazer mais do que apenas sobreviver e viver uma vida significativa.
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