A mais recente produção de ficção científica da Netflix, The Electric State, inspirada na graphic novel homônima de Simon Stålenhag, tem gerado discussões acaloradas sobre o quão fiel a adaptação cinematográfica se manteve em relação à obra original. O filme, que se passa em uma versão alternativa da década de 1990, narra a jornada de Michelle (Millie Bobby Brown), uma adolescente órfã que busca seu irmão em um mundo pós-apocalíptico dominado por uma revolução robótica.
Embora a premissa possa soar sombria, a produção da Netflix frequentemente adota um tom mais leve, divertido e até charmoso, o que representa uma das maiores divergências em relação à atmosfera da graphic novel. A escolha de um elenco estelar também contribui para essa sensação de leveza, contrastando com a seriedade da obra de Stålenhag.
A adaptação, dirigida pelos irmãos Russo, conhecidos por seu trabalho em filmes da Marvel, enfrentou o desafio de transformar uma obra visualmente rica, mas com uma narrativa relativamente concisa, em um longa-metragem. A graphic novel de Stålenhag é composta principalmente por ilustrações, com apenas alguns textos esparsos que sugerem uma história maior.
Para preencher essa lacuna, os diretores expandiram o universo de The Electric State, criando uma trama mais complexa que envolve não apenas a busca de Michelle por seu irmão, mas também uma corporação corrupta, uma sociedade sob controle mental e reflexões sobre a própria natureza da humanidade.
Durante um painel na New York Comic Con, Anthony Russo comentou sobre o processo de adaptação: “Nós apenas olhamos para as imagens e a história que ele desenrola na graphic novel. É muito opaco. É meio difícil de entender. Você entende em vislumbres… Você pode dizer que há um mundo muito maior por trás do que ele está lhe dizendo na graphic novel que você só pode adivinhar.”
Russo ainda complementou: “Você tem que ser muito mais específico sobre a narrativa, então nos divertimos muito mergulhando e usando sua arte incrível como inspiração para descobrir que tipo de história podemos contar neste mundo.”
Outra diferença notável reside no tom geral da produção. Enquanto o filme da Netflix incorpora momentos de humor e personagens caricatos, a graphic novel mantém uma atmosfera sombria e pessimista. Essa mudança de tom se reflete até mesmo no design dos robôs, que no filme apresentam elementos mais lúdicos e divertidos, como uma versão robótica do mascote da empresa Planters, Mr. Peanut.
Apesar das divergências, os irmãos Russo afirmam ter se inspirado na obra de Stålenhag, utilizando suas ideias como ponto de partida para criar uma narrativa única. No entanto, para aqueles familiarizados com a graphic novel, The Electric State da Netflix pode parecer uma interpretação bastante distante da história original.
Possível sequência?
O final de The Electric State deixa em aberto a possibilidade de uma sequência, explorando as relações entre humanos e robôs após o colapso da Sentre. No entanto, a agenda dos diretores, envolvidos em projetos futuros da Marvel, pode dificultar a realização de The Electric State 2 em um futuro próximo.
A recepção crítica do filme tem sido mista, com uma taxa de aprovação de apenas 15% no Rotten Tomatoes. Alguns críticos apontam a falta de risco e a incapacidade de capturar as nuances filosóficas da obra original. No entanto, a resposta do público tem sido mais positiva, com uma aprovação de 74% no mesmo site, o que pode influenciar a Netflix a investir em uma sequência.
Em entrevista ao Filmhounds, os irmãos Russo revelaram que conceberam o mundo de The Electric State de forma a permitir futuras expansões.
Principais fatos sobre The Electric State:
- Direção: Anthony e Joe Russo
- Baseado em: The Electric State de Simon Stålenhag
- Orçamento: US$ 320 milhões
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