O mais recente filme de Bong Joon Ho, Mickey 17, já está em exibição nos cinemas, e convida o público a embarcar em uma jornada instigante sobre os limites da natureza humana e as possíveis tragédias de um futuro distópico. Conhecido por obras como Expresso do Amanhã e o premiado Parasita, o diretor sul-coreano agora explora a questão da imortalidade e seu preço em nome de um bem maior.
Estrelado por Robert Pattinson, Mickey 17 acompanha a história de Mickey Barnes, um indivíduo em busca de um novo começo que decide se juntar a uma missão de colonização em outro planeta, assumindo o papel de “Descartável”. Nessa função, Mickey é submetido a inúmeras mortes terríveis, causadas por doenças e radiação, tudo em nome do avanço científico e do sucesso da colonização. No entanto, um incidente crítico transforma a vida de Mickey 17 para sempre, forçando-o a lutar por sua sobrevivência em uma situação ainda mais desesperadora.

Um mundo distópico estranho e perigoso
Inspirado no livro Mickey7, de Ashton Edward, o filme apresenta um futuro distópico onde a Terra enfrenta as consequências da ganância humana e fenômenos climáticos extremos. A preservação ambiental se tornou uma prioridade secundária, enquanto a ciência assume um papel central na busca pela sobrevivência da humanidade.
Nesse contexto, os cientistas desenvolvem uma tecnologia capaz de imprimir seres humanos a partir de matéria orgânica, com backups de memória instalados em cada nova versão. A morte se torna uma lembrança distante, desde que os materiais e a tecnologia estejam disponíveis. No entanto, em uma sociedade onde a política e a religião se tornaram forças nefastas, nem mesmo a tecnologia está imune à corrupção.
Mickey 17 equilibra elementos familiares com um senso de hostilidade, criando uma atmosfera de humor sombrio onde os personagens reconhecem a situação terrível em que vivem, mas se veem obrigados a participar das práticas bizarras desse futuro não tão distante. Inclusive, outro Filme de ficção científica ‘The Assessment’ com Alicia Vikander e Elizabeth Olsen ganha data de lançamento em breve.
Uma mensagem poderosa em um mundo bizarro
Em um futuro onde a tecnologia é controlada por superpotências ambiciosas, a importância das relações humanas se torna ainda mais evidente. Os laços de amizade e companheirismo são cruciais para a sobrevivência, e Mickey demonstra que a gentileza pode fazer a diferença em um mundo frio e onde os fins justificam os meios.
A trama se desenrola de forma orgânica, revelando gradualmente os elementos importantes do mundo de Mickey 17, sem recorrer a exposições excessivas. Cada detalhe apresentado contribui para a construção da narrativa e culmina em um clímax satisfatório.
Elenco carismático enriquece a experiência
O sucesso de Mickey 17 se deve, em grande parte, ao talento de seu elenco, que abraça a excentricidade da trama com entusiasmo. Robert Pattinson se destaca ao interpretar Mickey 17, um personagem gentil e ingênuo, e Mickey 18, sua versão mais agressiva e amarga. Pattinson entrega duas performances distintas, demonstrando sua versatilidade e carisma.
Mickey 17 personifica a bondade e a ingenuidade, mostrando que fazer o que é certo é mais importante do que seguir ordens. Já Mickey 18 representa a agressividade reprimida, explorando o lado sombrio do personagem. A interpretação de Pattinson eleva o nível do filme, tornando Mickey 17 um protagonista cativante e simpático.
Os personagens secundários também desempenham um papel fundamental na construção do universo de Mickey 17. Steven Yeun interpreta Timo, um indivíduo sombrio e intrigante. Naomi Ackie vive Nasha, a namorada de Mickey, equilibrando a doçura com a determinação de fazer o que é certo.
Mark Ruffalo e Toni Collette brilham como Kenneth Marshall e Yifa, um casal que personifica os perigos da corrupção e da sede por poder. A dinâmica entre os dois atores é um dos pontos altos do filme, demonstrando como a ambição desmedida pode levar à ruína.
Temas atuais e relevantes
Mickey 17 pode não agradar a todos os públicos devido à sua excentricidade e ritmo narrativo. No entanto, o filme se destaca por abordar temas relevantes e atuais, como a polarização política e os perigos de seguir cegamente líderes autoritários. Através de uma lente satírica, Bong Joon Ho critica a sociedade contemporânea e nos convida a refletir sobre nossos valores e prioridades.
Os elementos de ficção científica presentes em Mickey 17, como os alienígenas e as múltiplas vidas de Mickey, ressaltam a importância de ser fiel a si mesmo e usar a bondade como ferramenta de transformação. Em um mundo dominado pela raiva, pelo medo e pela ambição, o filme nos lembra que a gentileza e a sabedoria podem ser encontradas nas pessoas mais improváveis.
Mickey 17 celebra a perseverança, a importância de questionar o status quo e a capacidade de cada indivíduo de fazer a diferença, mesmo sem um propósito grandioso. O filme nos mostra que os heróis que precisamos podem estar mais perto do que imaginamos, personificados em pessoas comuns como Mickey 17.
Quer receber as principais notícias do Portal N10 no seu WhatsApp? Clique aqui e entre no nosso canal oficial.