Após um período de grande popularidade, o trabalho 100% remoto parece estar perdendo espaço no mercado corporativo. Empresas como Amazon e Dell estão revendo suas políticas e exigindo o retorno de seus funcionários aos escritórios, seja em tempo integral ou parcial. Em contrapartida, o modelo híbrido, que combina trabalho remoto e presencial, ganha cada vez mais adeptos.
O Nubank, por exemplo, adotou um sistema em que os funcionários trabalham presencialmente uma semana a cada sete semanas de home office. Suzana Kubric, diretora de recursos humanos do Nubank, afirma que o modelo tem como objetivo atrair talentos e garantir a competitividade da empresa, sem deixar de lado a avaliação da produtividade.
Dados do mercado imobiliário corroboram essa tendência. Um levantamento da consultoria JLL indica que a taxa de vacância de imóveis comerciais em São Paulo diminuiu no quarto trimestre de 2024, voltando a patamares próximos aos do período pré-pandemia. Ao mesmo tempo, o preço médio dos aluguéis de escritórios aumentou, chegando a R$ 311 por metro quadrado em regiões valorizadas da capital paulista.
Plataformas de recrutamento como a Gupy também registram um aumento nas ofertas de vagas presenciais e híbridas, em detrimento das oportunidades de trabalho remoto.
Os motivos por trás da mudança
Especialistas apontam diversos fatores que explicam essa mudança de cenário. Um levantamento da Mercer Brasil revelou que 76% dos gestores de RH entrevistados manifestam insegurança em relação à produtividade no sistema remoto. Outras dificuldades incluem o excesso de reuniões (66%), a dificuldade em acompanhar iniciantes (51%), desafios de liderança (61%) e o impacto na cultura organizacional (52%).
Eliane Ramos, presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH), ressalta que esses problemas podem ter origem em falhas de planejamento da liderança, falta de maturidade dos funcionários e a natureza de negócios que dependem da integração entre equipes.
O modelo híbrido como solução?
Muitas empresas estão apostando no modelo híbrido como uma forma de equilibrar as vantagens do trabalho remoto com a necessidade de interação e colaboração presencial. Mario D’Andrea, CEO da agência D’OM, explica que sua empresa adotou um sistema em que os funcionários trabalham de casa nas manhãs de segunda a quinta e se reúnem presencialmente no período da tarde. Às sextas-feiras, o trabalho é 100% remoto.
Rodrigo Tognini, CEO da Conta Simples, também defende o modelo híbrido, argumentando que ele permite aos colaboradores conciliar a flexibilidade e a autonomia do trabalho remoto com a criação de cultura e o engajamento proporcionados pelo ambiente de escritório
A transição do trabalho remoto para o presencial pode trazer desafios, como ondas de demissão e resistência por parte de funcionários insatisfeitos. Uma pesquisa da KPMG revelou que 64% dos diretores de empresas acreditam que o retorno aos escritórios será uma realidade em até três anos, mas a decisão de retomar as atividades presenciais não é simples.
Para mitigar esses problemas, muitas empresas estão dispostas a recompensar os funcionários que demonstrarem disposição para voltar ao sistema presencial. Essas recompensas podem incluir reajustes salariais e a criação de um ambiente corporativo mais atrativo e confortável.
Diante desse cenário, o modelo híbrido surge como uma tendência promissora para o futuro do trabalho, combinando o melhor dos dois mundos e oferecendo flexibilidade, produtividade e bem-estar aos colaboradores.
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