A falta de planejamento estratégico é apontada como a principal razão para o insucesso de novos negócios nos primeiros anos de atividade. A análise é de Thales Medeiros, gerente da agência Sebrae Grande Natal, que em entrevista, destacou a importância crucial de um planejamento prévio detalhado antes de iniciar qualquer empreendimento. Segundo Medeiros, embora o empreendedorismo seja um campo desafiador e com riscos inerentes, estes podem ser significativamente reduzidos com a devida preparação e informação.
“Os dois primeiros anos e meio são os mais críticos para uma empresa, especialmente para quem está começando e precisa solidificar sua experiência como gestor. A ausência de planejamento, a desorganização financeira e o desconhecimento do mercado são erros comuns que podem comprometer a sobrevivência do negócio nesse período,” explicou Medeiros.
Muitos empreendedores iniciam suas atividades por necessidade ou impulsos, como a compra de máquinas e equipamentos, sem realizar uma análise criteriosa da viabilidade econômica ou da demanda do mercado local. Medeiros alerta que esse tipo de atitude pode ser fatal para o negócio. “A pessoa vê uma oportunidade, como uma máquina de corte de chinelos, e investe sem considerar se há fornecedores, mercado ou clientes interessados”, exemplificou.
Os setores mais procurados por quem inicia um empreendimento como Microempreendedor Individual (MEI) incluem comércio de roupas e acessórios, serviços de beleza (manicure, cabeleireiro e barbearias) e alimentação. Mesmo nesses setores, a falta de planejamento é prejudicial. Segundo o especialista, muitas vezes empreendedores entram em mercados saturados ou definem preços de forma inadequada, sem considerar custos operacionais e impostos, o que compromete a saúde financeira do negócio.
Recomendações para novos empreendedores
Para quem está começando, o especialista recomenda como primeiro passo a conversa com potenciais clientes e a observação do mercado local. “É crucial entender as necessidades das pessoas e quais lacunas existem no mercado. Isso ajuda a identificar oportunidades reais, em vez de apostar em suposições,” disse Medeiros.
O Sebrae é um importante aliado para os empreendedores, oferecendo orientação gratuita e recursos para auxiliar desde a fase inicial de ideação até a gestão de negócios já em funcionamento. A instituição disponibiliza oficinas, materiais online e consultorias que ensinam a calcular custos, planejar investimentos e avaliar riscos. Além disso, o programa Empretec, da ONU, foca no comportamento empreendedor, que é essencial para enfrentar os desafios do dia a dia.
Medeiros também destacou o papel da tecnologia na gestão de negócios, mencionando ferramentas como inteligência artificial e plataformas digitais que podem auxiliar na elaboração de campanhas de marketing e análises de mercado. No entanto, ele alertou para a importância de uma visão crítica ao usar essas ferramentas para evitar vieses. O Sebrae oferece um leque variado de serviços, que podem ser acessados através do site oficial da instituição: Sebrae.
Expectativa de vida das empresas
Segundo o Sebrae, a expectativa média de vida de um MEI é de 3,5 a 4 anos, devido à sua volatilidade. As microempresas, que faturam entre R$ 81 mil e R$ 360 mil por ano, têm uma expectativa de 8,8 anos, enquanto as empresas de pequeno porte, com faturamento de até R$ 4,8 milhões anuais, chegam a 10 a 12 anos de funcionamento. Medeiros ressaltou que o encerramento de um MEI nem sempre é um indicativo de fracasso. “Muitas vezes, o empreendedor cresce e migra para um modelo de microempresa, o que é um sinal positivo de evolução.”
Para evitar os erros mais comuns, Thales Medeiros recomenda que os futuros empreendedores iniciem com um planejamento detalhado, identificando custos fixos e variáveis, público-alvo e fornecedores. “Empreender é um risco, mas esse risco pode ser reduzido quando você se prepara e estuda o mercado. A formalização, por meio do MEI, é um primeiro passo para quem deseja começar de forma regular e com suporte para crescer.”
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