Educação

Qualidade dos cursos de Medicina: apenas 40% atingem notas elevadas no CPC do MEC

A maioria dos cursos (50,5%) obteve nota 3, considerada regular, enquanto 38,5% alcançaram o conceito 4.

Um levantamento do Ministério da Educação (MEC) revelou que a qualidade dos cursos de Medicina no Brasil apresenta disparidades significativas. De acordo com o Conceito Preliminar de Cursos (CPC), um indicador que avalia a qualidade das graduações, apenas 40,4% dos 309 cursos de Medicina avaliados alcançaram as notas 4 ou 5, consideradas ideais para a área.

O aumento no número de cursos de Medicina nos últimos anos, impulsionado por programas como o Mais Médicos e pelo elevado retorno financeiro, tem gerado debates sobre os critérios para a abertura de novas escolas médicas. Associações de classe e entidades ligadas ao ensino superior privado têm buscado influenciar o Congresso e o Judiciário para defender diferentes critérios de liberação.

Os dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) incluem o CPC, as notas do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) e o Índice Geral de Cursos (IGC), que avalia as instituições como um todo. Neste ciclo, foram avaliados cursos das áreas de Saúde e Engenharias, abrangendo, além de Medicina, carreiras como Arquitetura, Engenharia Civil e Fisioterapia.

O CPC utiliza uma escala de 1 a 5, sendo 4 e 5 as notas desejáveis. A avaliação considera o desempenho dos estudantes no Enade, além de dados sobre o corpo docente, infraestrutura e recursos didático-pedagógicos. A maioria dos cursos (50,5%) obteve nota 3, considerada regular, enquanto 38,5% alcançaram o conceito 4. Apenas seis cursos (1,9%) atingiram a nota máxima: Um levantamento recente sobre o Enade 2023 mostra quais instituições se destacaram.

  • Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo
  • Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein
  • Universidade do Oeste Paulista (Unoeste)
  • Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp)
  • Centro Universitário Governador Ozanam Coelho
  • Centro Universitário São Camilo

Desempenho no Enade

O Enade, um dos componentes do CPC, avalia o desempenho dos estudantes por meio de uma prova com 40 questões, sendo 10 de conhecimentos gerais e 30 de conhecimentos específicos. Os resultados indicam que 44,9% dos cursos de Medicina obtiveram notas 4 e 5 no Enade, enquanto 33,6% foram considerados regulares. Um em cada cinco cursos (20%) apresentou desempenho insatisfatório, com notas 1 e 2. O exame é aplicado anualmente, avaliando diferentes áreas a cada ciclo e abrangendo tanto estudantes ingressantes quanto concluintes. 

Embora aplicado desde 2004, o Enade tem sido alvo de críticas quanto à sua metodologia e abrangência. As queixas sobre o CPC se concentram no engajamento dos alunos, já que a ausência de sanções para quem não participa do exame pode levar as universidades a adotarem mecanismos de incentivo à presença, o que, segundo especialistas, compromete a precisão das métricas.

O advogado Henrique Silveira, especialista no tema, questiona a utilização do CPC como único medidor de qualidade: “Usar o CPC para ser medidor de qualidade pode gerar distorções; uma instituição pode ter um curso excelente, mas, se os alunos boicotarem o Enade, ela não vai ter bom CPC”, afirma.

Outras críticas ao Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes) envolvem as inspeções in loco, consideradas ultrapassadas e sem diferenciação de parâmetros entre as áreas, o que pode comprometer a eficácia do processo. 

Disparidade entre instituições públicas e privadas

A avaliação do Enade revelou diferenças significativas entre instituições privadas e públicas. Entre os 190 cursos de Medicina em instituições privadas, 27,3% apresentaram baixo desempenho (notas 1 e 2), enquanto apenas 6,1% dos 113 cursos de universidades públicas obtiveram essas notas. No patamar mais alto da avaliação, 28,9% dos cursos privados alcançaram notas 4 e 5, em comparação com 72,5% dos cursos de universidades públicas. A mesma disparidade se observa no CPC, com 36,8% dos cursos privados nas faixas 4 e 5, contra 46,9% dos cursos públicos.

Apesar das diferenças, Celso Niskier, diretor presidente da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), destaca que “metade das universidades que alcançaram conceito máximo são privadas, o que reforça o compromisso com a excelência”. No total, 66 instituições obtiveram nota máxima na avaliação.

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Rafael Nicácio

Co-fundador e redator do Portal N10, sou responsável pela administração e produção de conteúdo do site, consolidando mais de uma década de experiência em comunicação digital. Minha trajetória inclui passagens por assessorias de comunicação do Governo do Estado do Rio Grande do Norte (ASCOM) e da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), onde atuei como estagiário. Desde 2013, trabalho diretamente com gestão de sites, colaborando na construção de portais de notícias e entretenimento. Atualmente, além de minhas atividades no Portal N10, também gerencio a página Dinastia Nerd, voltada para o público geek e de cultura pop. MTB Jornalista 0002472/RN E-mail para contato: rafael@oportaln10.com.br

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