Visando garantir a inclusão efetiva de alunos com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) nas escolas brasileiras, a Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA) está promovendo o projeto itinerante “TDAH Levado a Sério na Escola“. A iniciativa tem como objetivo capacitar professores e educadores, oferecendo estratégias e técnicas para lidar com as particularidades desses estudantes.
A psicóloga clínica Iane Kestelman, fundadora da ABDA, destaca a importância da atenção no processo de aprendizagem e desenvolvimento dos alunos. “Por conta dos sistemas primários desse transtorno, [os alunos] apresentam uma dificuldade muito grande de sustentar atenção, uma impulsividade e uma hiperatividade, que, muitas vezes, impactam, de forma muito negativa o desempenho escolar“, explica Kestelman.
“A atenção é um dos elementos mais importantes que a gente precisa para seguir o caminho ao longo da vida, de forma produtiva e cidadã“.
De acordo com a especialista, alunos com TDAH frequentemente enfrentam dificuldades para se engajar nas aulas e absorver o conteúdo ensinado. A falta de suporte adequado pode levar à repetência e, em casos mais graves, ao abandono escolar. Inclusive, um estudo recente indicou que padrões cerebrais anormais podem indicar TDAH, o que reforça a necessidade de atenção e suporte adequados.
O projeto já passou por São Paulo e, neste sábado, realiza uma oficina no Rio de Janeiro, destinada a professores do ensino fundamental das redes pública e privada. O objetivo é fornecer ferramentas práticas e conhecimentos teóricos sobre neuroeducação e educação inclusiva.
A iniciativa busca garantir o cumprimento da Lei 14.254/2021, que preconiza a inclusão de todos os alunos, da pré-escola ao ensino médio, em todo o território nacional. “Nosso maior ideal é que esse país esteja finalmente cumprindo a Lei 14.254/2021, cujo teor preconiza que todos os alunos da pré-escola até o ensino médio, em todo o território nacional, possam ser incluídos nas escolas. Portanto, todos os professores devem ser capacitados para que essas ações de inclusão possam acontecer. Infelizmente, isso não vem acontecendo“, lamenta Iane Kestelman.
Após o Rio de Janeiro, o projeto seguirá para outros estados brasileiros, com um encontro programado para o Pará ainda em abril. Estão previstos encontros também no Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Paraná. Para mais informações e inscrições, os interessados podem acessar o site da ABDA.
A relevância da iniciativa se justifica pelos dados da OMS, que apontam que 6% da população mundial possui TDAH. “As pessoas com TDAH são um contingente de 6% da população, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Todo aluno que estiver na escola tem direito a aprendizagem e a participar do processo educativo. Nosso objetivo é que as técnicas mais modernas da educação inclusiva e da neuroeducação possam ser ensinadas para esses professores“, conclui Iane.
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