A proibição do uso de celulares em sala de aula avança no Brasil. Após aprovação na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) em novembro, a medida, que recebeu apoio de especialistas, segue para votação no Senado Federal após aprovação na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados.
Benefícios e Desafios da Proibição
Para Sandhra Cabral, professora da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS) e colaboradora do portal Educar para Ser Grande, a proibição se justifica pela falta de educação digital no país. Ela destaca os prejuízos cognitivos, a perda de foco e a distração causadas pelo uso excessivo dos aparelhos. No entanto, ela prevê um impacto inicial negativo, principalmente na questão da ansiedade dos alunos. A preocupação com o aumento de casos de ansiedade em jovens, inclusive, tem sido debatida na Câmara dos Deputados.
“As crianças estarão proibidas de usar o celular dentro da escola, sendo obrigadas a interagir com professores e colegas, o que é bom; mas elas ficarão extremamente ansiosas no início porque estão acostumadas a utilizar os aparelhos o tempo inteiro”, afirma Cabral. Para minimizar essa ansiedade, a especialista sugere a implementação de atividades pedagógicas mais interativas e a inclusão da educação midiática no currículo escolar, lembrando que a lei federal de 1º de janeiro de 2023 que orienta as escolas a incluírem educação midiática ainda não foi aplicada.
Cabral destaca que a flexibilização do uso de celulares para fins pedagógicos pode atenuar a ansiedade dos alunos e permitir a conciliação do aprendizado com o uso da tecnologia. Ela também aponta para a necessidade de combater a desinformação e o analfabetismo funcional, decorrentes da falta de educação digital: “as crianças vão continuar usando a internet sem saber de todos os riscos. E nós vamos continuar tendo fake news e desinformação, porque as crianças não sabem diferenciar fato de opinião.”
Interação Social como Foco
Andreia Schmidt, pesquisadora da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), também defende a proibição. Para ela, a medida permitirá que crianças e adolescentes se desconectem das telas e fortaleçam a interação social dentro da escola. Schmidt argumenta que a interação presencial é fundamental para o desenvolvimento emocional e social dos alunos.
“O que de fato essa lei vem trazer é a oportunidade para as crianças e adolescentes interagirem no mundo real, tanto com as tarefas, com as demandas do mundo real, como com as demandas sociais, que são as demandas de relacionamento, de interação que a gente precisa aprender ao longo da infância e da adolescência”, conclui Schmidt. Saiba mais sobre a proibição de celulares em sala de aula e seus impactos.
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