A escola de ensino superior Ilum, do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), abre inscrições para o Bacharelado em Ciência e Tecnologia. As vagas são para a turma de 2025, com inscrições abertas até 16 de dezembro. Este bacharelado gratuito e inovador, com apenas 40 vagas anuais, busca formar cientistas jovens, interdisciplinares e independentes.
Criado em 2020, com a primeira turma iniciando em 2022, o programa oferece mais do que uma formação acadêmica. Alunos recebem moradia, transporte, alimentação e um computador pessoal. O curso é em tempo integral, com acesso a laboratórios de última geração do CNPEM desde o primeiro período. “A ideia era formar cientistas jovens que fossem interdisciplinares, independentes, ousados… Que tivessem muita prática experimental, e muito conhecimento em ciência de dados, Inteligência Artificial e machine learning”, afirma o diretor da escola, o físico Adalberto Fazzio.
A metodologia de ensino é um diferencial. “A estratégia pedagógica também é diferente. Os alunos trabalham muito em projetos que eles mesmos propõem ou que são colocados pelos professores, que também são jovens, que já tem pós-doutorado no exterior, são pesquisadores, mas estão focados no ensino. E eles já têm acesso a laboratórios sofisticados, com equipamentos como microscópio de força atômica, tunelamento, toda a parte de espectroscopia.”, explica Fazzio. A escola, subordinada a uma organização social, possui flexibilidade curricular para se adaptar às novas descobertas científicas. “Toda semana os professores têm reuniões para discutir o conteúdo e a gente tem um conselho interno que também faz essa avaliação”, complementa o diretor.
O sucesso do programa é notável. Dos 40 alunos da primeira turma, apenas 4 abandonaram o curso, uma taxa de evasão de apenas 10%, bem abaixo da média de 60% no ensino superior federal. Um dos formandos, Gabriel Xavier, de Montes Claros (MG), destaca a oportunidade: “Ele estava encantado com tudo que tinha visto e ele sabia que eu gostava de matemática, física, química e viu que poderia ser uma boa oportunidade pra mim. Depois eu comecei a acompanhar o CNPEM, e o encantamento só foi aumentando”, conta Gabriel, que inclusive integrou a equipe medalhista de ouro no MIT por um filtro ecológico para microplásticos.
O apoio financeiro oferecido pela Ilum é crucial para muitos alunos, especialmente aqueles de regiões mais distantes. “Ao longo do curso, a gente percebe que a carga horária é extensa e conciliar isso com um trabalho é muito difícil. De fato, essa ajuda de custo é fundamental pra que o estudante consiga se dedicar de maneira integral e definitiva aos estudos”, afirma Gabriel. A diversidade geográfica e socioeconômica dos alunos é crescente. Em 2022, 82,5% dos alunos eram da Região Sudeste, enquanto em 2023, essa porcentagem caiu para 40%, com maior representatividade do Nordeste (25%), Sul (15%), Centro-Oeste (12,5%) e Norte (7,5%). Metade dos alunos fizeram o ensino médio em escolas públicas.
Júlia Amâncio, aluna do segundo ano, originária do Instituto Federal de Sergipe, reforça a importância do auxílio financeiro: “Esse auxílio foi um fator muito decisivo. Embora seja uma escolha difícil sair de onde eu moro, ele foi essencial para eu conseguir me estabelecer e focar nos estudos”, ressalta. Júlia também destaca o enfoque social do curso: “Até mesmo no trabalho de conclusão de curso, nosso projeto tem que ter uma relevância social. Desde o início, tivemos matérias de humanidades e trabalhamos o papel do cientista… Isso faz com que tenhamos o dever de traduzir o que aprende. Outro ponto importante é aprender a valorizar a ciência brasileira”, completa.
O curso incentiva a participação em projetos relevantes para a sociedade, abordando temas como mudanças climáticas e a integração da ciência com ações sociais. “Temas como os impactos das mudanças climáticas, por exemplo, passam não só pela ciência, mas também por ações sociais. Temos que entender como contribuir em relação à ciência, mas também entender que todo e qualquer tipo de mudança social tem que ser ancorada em um processo integrado com a sociedade”, finaliza Gabriel.
A Ilum facilita a continuidade acadêmica, com parcerias para transferência para outros cursos, como a UFABC, e possibilidades de ingresso direto em mestrados e doutorados. A seleção para 2025 utiliza a nota do ENEM como primeiro critério, seguindo-se entrevistas individuais e análise de um texto de manifestação de interesse. Em 2024, quase 4 mil candidatos se inscreveram. A Ilum reserva pelo menos metade das vagas para estudantes de escolas públicas e estuda a implementação de cotas raciais. Inscrições estão abertas até 16 de dezembro.
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