O mercado financeiro reagiu positivamente ao aumento de 1 ponto percentual na taxa Selic, promovido pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. Essa medida, vista como uma 'terapia de choque', dissipou a desconfiança gerada pela transição na presidência do BC, com a saída de Roberto Campos Neto e a iminente posse de Gabriel Galípolo.
Economistas e analistas interpretaram o comunicado do Copom e a sinalização de mais dois aumentos de 1 ponto percentual nas próximas reuniões como um indicativo de elevação dos juros neutros no Brasil. Essa perspectiva levou muitos a projetar uma taxa terminal de 15% para 2025.
Expectativas para a Selic
A alta mais agressiva da Selic fez com que o mercado dobrasse a aposta em um pico de 15% para o ano que vem. A última vez que a taxa alcançou 14,25% foi em julho de 2015, mantendo-se nesse patamar por pouco mais de um ano.
Rodrigo Puglisi, economista da gestora Panamby Capital, considerou o comunicado do Copom “perfeito” para restaurar a credibilidade do BC, especialmente após a “reunião da discórdia” em agosto, quando quatro diretores, incluindo Galípolo, votaram contra o aumento da Selic. Segundo Puglisi, a mudança de tom é evidente na frase que descreve o cenário como “menos incerto e mais adverso”.
A Mirae Asset também avalia que a alta dos juros aproxima a Selic de um patamar terminal de 15%, sendo este o “cenário de maior probabilidade”, conforme Marianna Costa, economista da casa. Ela prevê duas altas de 100 pontos-base nas reuniões de janeiro e março, seguidas de outras elevações em maio e junho.
André Perfeito, outro economista, concorda com a desaceleração das altas após o choque de 2 pontos na Selic. Ele acredita que, devido a essa escalada, “talvez não haja espaço para cortes na taxa de juros no ano que vem”. Perfeito ainda acrescenta que o dólar deverá ser a variável de ajuste, o que pode levar a uma melhora do real. Para mais informações sobre a reação do mercado à alta de juros, veja nossa reportagem: Selic a 12,25%: Mercado reage positivamente à alta de juros e prevê pico em 15%.
Cortes na Selic em 2025?
Puglisi, por outro lado, acredita que os juros reais se manterão no mesmo patamar, devido à previsão de aumento da inflação para o próximo ano, estabilizando o juro real em cerca de 8%.
Nicolas Borsoi, economista da Nova Futura, apesar do tom “duro” do comunicado, prevê que o BC deverá cortar a Selic duas vezes em 2025 após o término do ciclo de alta, acreditando que o teto será de 14,50%, com dois cortes de 0,25% no segundo semestre de 2025, fechando o ano em 14,0%.
O Banco Bmg também projeta um pico menor para os juros. Flávio Serrano, economista-chefe da instituição, estima que a taxa básica alcance 14,75% ao ano, com mais dois aumentos de 100 bps e um ajuste de 50 bps. Segundo o Bmg, as altas mais agressivas devem impactar a inflação e o câmbio, em meio à desancoragem das expectativas de inflação para os próximos três anos. Acompanhe a análise completa sobre o impacto da alta de juros no dólar: Dólar acima de R$ 6 e Ibovespa em queda após alta de juros.
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