Selic a 14,25%: qual o impacto no rendimento da poupança e outras aplicações?

Com a Selic no patamar mais alto em nove anos, atingindo 14,25% após a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), investidores buscam entender o impacto dessa taxa em seus investimentos. Especialistas alertam que a poupança pode render significativamente menos em comparação com outras opções de renda fixa. 

Um estudo comparativo analisou o desempenho de R$ 100 mil investidos em diferentes modalidades nos últimos 12 meses. Os investimentos considerados foram:

• Tesouro Selic
• Certificado de Depósito Bancário (CDB) a 105% e a 110% do CDI
• Letra de Crédito Imobiliário (LCI)
• Letra de Crédito do Agronegócio (LCA)

Segundo Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos, R$ 100 mil alocados na poupança renderam R$ 7.370 no período analisado.

O cálculo do rendimento da poupança varia conforme a Selic:

• Selic acima de 8,5% a.a.: Poupança rende 0,5% ao mês + Taxa Referencial (TR).
• Selic abaixo de 8,5% a.a.: Poupança rende 70% da taxa Selic + TR.

Comparativo de rendimentos em 12 meses (com R$ 100 mil investidos)

A tabela abaixo apresenta um comparativo do rendimento de R$ 100 mil em diferentes ativos financeiros, já descontado o Imposto de Renda (IR), quando aplicável:

Oportunidade perdida na poupança

Investidores que mantiveram R$ 100 mil na poupança nos últimos 12 meses podem ter deixado de ganhar até R$ 2.665, dependendo da aplicação escolhida.

Sidney Lima destaca que, para LCI e LCA superarem a poupança, é necessário que paguem acima de 71,2% do CDI. Encontrar opções que superem essa porcentagem não é difícil, garantindo um retorno maior que o da caderneta. Diversifique seus investimentos e fique de olho no Ibovespa.

Prós e contras dos ativos financeiros

Antes de escolher onde investir, é crucial analisar os pontos positivos e negativos de cada ativo:

Caderneta de poupança

• Prós: Liquidez diária, isenção de IR, garantia do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) até R$ 250 mil por CPF ou CNPJ.
• Contras: Baixa rentabilidade, rendimento apenas no aniversário do depósito, perde para a inflação em muitos cenários.

Tesouro Selic

• Prós: Segurança (garantia do governo federal), proteção contra a inflação, rendimento superior à poupança.
• Contras: Incidência de Imposto de Renda, taxas como a de custódia e o IOF, menor liquidez.

Certificado de Depósito Bancário (CDB)

• Prós: Rentabilidade maior que a poupança, diversas opções de prazos e taxas, proteção do FGC.
• Contras: Tributação via IR, algumas opções têm baixa liquidez, risco da instituição emissora.

Letra de Crédito Imobiliário (LCI) e Letra de Crédito do Agronegócio (LCA)

• Prós: Isenção de IR, segurança (FGC).
• Contras: Baixa liquidez na maioria dos casos, valores mínimos de aplicação mais altos.

Além da análise de investimentos, o Brasil figura entre os países com as maiores taxas de juros do mundo. De acordo com um levantamento da consultoria MoneyYou, que considera os 40 países mais relevantes no mercado de renda fixa, o Brasil ocupa a 4ª posição no ranking de juro real, atrás apenas da Turquia, Argentina e Rússia. A taxa de juro real brasileira, que desconta a inflação do juro nominal, está em 8,79% ao ano. Vale lembrar que o Relatório Focus traz atualizações constantes sobre a Selic e o IPCA.

No ranking de juro nominal, o Brasil também se posiciona em 4º lugar, com 14,25% ao ano, atrás da Turquia (42,50%), Argentina (29%) e Rússia (21%).

Ranking de países com as maiores taxas de juros reais

1. Turquia 11,90%
2. Argentina 9,35%
3. Rússia 8,91%
4. Brasil 8,79%
5. Indonésia 6,48%
6. México 4,82%
7. Colômbia 4,72%
8. África do Sul 3,59%
9. Índia 3,03%
10. Filipinas 2,59%

Ranking de países com as maiores taxas de juros nominais

1. Turquia 42,50%
2. Argentina 29,00%
3. Rússia 21,00%
4. Brasil 14,25%
5. México 9,50%
6. Colômbia 9,50%
7. África do Sul 7,50%
8. Hungria 6,50%
9. Índia 6,25%
10. Filipinas 5,75%

Em um cenário econômico dinâmico, a decisão do Copom de elevar a taxa básica de juros do país continua no radar do mercado financeiro. Paralelamente, o Federal Reserve (Fed), banco central dos EUA, optou por manter a taxa de juros inalterada, situada entre 4,25% e 4,50%, sinalizando a possibilidade de dois cortes de juros de 0,25 ponto percentual cada.

O aumento da Selic para 14,25% ao ano impacta diretamente o mercado de renda fixa. Especialistas recomendam diversificar a carteira de investimentos, com atenção redobrada ao crédito privado. Papéis prefixados de prazos mais curtos e títulos pós-fixados ou indexados ao IPCA tornam-se mais atrativos, embora os títulos pós-fixados ofereçam menor proteção contra a inflação.

O Copom indicou uma possível redução no ritmo de alta da Selic na reunião de maio, embora a magnitude do aumento ainda não tenha sido definida. A expectativa do mercado é de um aumento entre 0,5 e 0,75 ponto percentual. Fique de olho nas notícias e não deixe de acompanhar as últimas informações sobre Dólar e Bitcoin.