O aumento da taxa Selic em 1 ponto percentual, para 12,25%, anunciado pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central na quarta-feira (11), foi recebido com alívio pelo mercado financeiro. A decisão, considerada uma 'terapia de choque', dissipou as incertezas geradas pela transição na presidência do BC, de Roberto Campos Neto para Gabriel Galípolo.
Projeções para o futuro da Selic
Analistas e economistas interpretam o comunicado do Copom, que prevê mais um aumento de 1 ponto percentual nos juros nas próximas duas reuniões – elevando a Selic a 14,25% – como um sinal de endurecimento da política monetária. Essa medida, segundo especialistas, eleva a taxa de juros neutra no Brasil e reforça as expectativas de que a taxa Selic atingirá um patamar terminal de 15% em 2025. O mercado, inclusive, dobrou suas apostas nesse cenário. Para entender melhor o impacto dessa decisão, leia mais sobre a reação do mercado em nosso artigo sobre o impacto da alta da Selic no Ibovespa: Ibovespa despenca com alta da Selic e preocupações com a saúde de Lula.
Reações ao comunicado do Copom
Rodrigo Puglisi, economista da gestora Panamby Capital, classificou o comunicado do Copom como “perfeito” para restaurar a credibilidade do Banco Central, especialmente após a “reunião da discórdia” em agosto, quando quatro diretores, incluindo Galípolo, votaram contra o aumento da Selic. Puglisi destaca a frase presente no comunicado que indica uma mudança de tom: “o cenário se torna menos incerto e mais adverso”. Ele interpreta esse “adverso” como um cenário pior, com abertura do hiato do produto.
Marianna Costa, economista da Mirae Asset, corrobora a perspectiva de uma Selic terminal próxima a 15%, afirmando que este é “o cenário de maior probabilidade”, com duas altas de 100 pontos base (bps) em janeiro e março, e aumentos adicionais em maio e junho. André Perfeito compartilha dessa visão, prevendo uma desaceleração das altas após o choque de 2 pontos percentuais na Selic e, possivelmente, nenhuma redução da taxa ao longo de 2025. Ele argumenta que, neste cenário, o ajuste ocorrerá através da variação cambial, com uma possível valorização do real, uma vez que o Brasil poderá manter o título de maior taxa de juros real do mundo. Para mais detalhes sobre a decisão do Copom e suas projeções para a Selic em 2025, acesse: Copom eleva Selic a 12,25% e mercado projeta taxa a 15% em 2025.
Visões divergentes sobre cortes na Selic em 2025
Entretanto, nem todos compartilham dessa perspectiva. Puglisi, por exemplo, acredita que os juros reais se manterão próximos a 8%, considerando a previsão de aumento da inflação para o próximo ano. Já Nicolas Borsoi, economista da Nova Futura, embora reconheça o tom “duro” do comunicado do Copom, prevê dois cortes na taxa Selic em 2025, após o término do ciclo de alta. A Nova Futura projeta um teto da Selic em 14,50%, com duas altas de 1,0% e uma final de 0,25%, resultando em uma Selic terminal de 14,50%. A instituição financeira prevê, ainda, dois cortes de 0,25% no segundo semestre de 2025, finalizando o ano com a Selic em 14,0%. O Banco Bmg também espera um pico menor, em 14,75%, projetando mais dois aumentos de 100 bps e um ajuste residual de 50 bps. Acompanhe as notícias sobre a variação do dólar após a alta de juros: Dólar ultrapassa R$ 6 e Ibovespa cai após alta da Selic.
Contexto da decisão
O Banco Bmg destaca que as altas mais agressivas devem impactar significativamente a inflação e o câmbio. Este choque ocorre em um contexto de desancoragem das expectativas de inflação em três anos, acima da meta do BC, impulsionada principalmente pela valorização recorde do dólar. Para mais informações sobre a atividade econômica e o impacto da alta de juros, veja: Atividade econômica cresce 0,1% em outubro, aponta BC.
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