Em pouco mais de três décadas desde sua criação, o Real, a moeda brasileira, perdeu 87% do seu valor. Um levantamento recente aponta que R$ 5 em 1994, data de lançamento da moeda, equivalem hoje a apenas R$ 0,64.
A principal causa dessa desvalorização é a inflação acumulada de 686,64% no período, impactando diretamente o poder de compra dos brasileiros. O economista Robson Gonçalves, da FGV, explica: “A inflação significa que se você colocar um determinado valor em dinheiro no bolso e você conseguir com aquele valor comprar algumas coisas hoje, daqui a alguns meses, anos, em alguns casos, daqui a alguns dias, você não consegue comprar as mesmas coisas“.
Ele ressalta que a desvalorização do dinheiro é um fenômeno global, afetando diversas moedas ao longo do tempo. Para entender melhor os impactos da inflação, confira este artigo sobre como a inflação pressiona o bolso do consumidor.
Comparativo com outras moedas
Nos Estados Unidos, por exemplo, US$ 1 em 1994 tem hoje um poder de compra de US$ 0,47, demonstrando que a inflação também corrói o valor de outras moedas, embora em menor intensidade.
O estudo utiliza a calculadora do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para ilustrar essa perda do valor do Real, comparando o período de julho de 1994 a março de 2025. O cálculo é feito com base na variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
O valor atual das notas do Real:
- Uma nota de R$ 2, lançada em dezembro de 2001, tem hoje um poder de compra de R$ 0,50.
- A nota de R$ 20, lançada em junho de 2002, equivale a R$ 5,18 atualmente.
- A nota de R$ 200, lançada em setembro de 2020, tem um poder de compra de R$ 149,67.
O passado inflacionário e o presente sob controle
Antes do Real, o Brasil sofria com uma inflação descontrolada, chegando a 4.922% nos 12 meses anteriores ao lançamento da nova moeda. O Real surgiu com a promessa de estabilizar a economia.
Atualmente, a inflação anual está em 5,06%. Apesar de um controle maior nos últimos anos, o país ainda enfrenta momentos de alta, como o registrado em fevereiro, com a maior variação de preços para o mês em 22 anos.
Robson Gonçalves explica que, a longo prazo, a inflação está ligada à emissão excessiva de moeda. No entanto, fatores de curto prazo, como a instabilidade política e a incerteza econômica, também podem influenciar os preços. “A inflação, no longo prazo, ao longo de muitos e muitos anos, tem a ver com a criação excessiva de moeda. Mas isso não significa que você não tenha solavancos de curto prazo, então se você tiver, por exemplo, instabilidade política, incerteza sobre o que vai acontecer com a economia e tal, é natural que os empresários se defendam procurando majorar os seus preços para incorporar aí um prêmio de risco“, afirmou.
Histórico da inflação anual desde o lançamento do Real:
- 1995: 22,41%
- 2002: 12,53%
- 2015: 10,67%
- 2021: 10,06%
Apesar da inflação estar mais controlada, o receio em relação ao tema ainda impacta a população, o mercado e a política, sendo um ponto de atenção constante no cenário econômico brasileiro.
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