Pela primeira vez desde 1997, o petróleo deve se tornar o principal produto da pauta exportadora brasileira, superando a soja e o minério de ferro. O Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP) projeta que as exportações de petróleo totalizarão US$ 47 bilhões até o final de 2024, um marco histórico para o setor. Até novembro, o país já havia exportado US$ 42,8 bilhões em petróleo.
O setor de óleo e gás representa 17% do Produto Interno industrial brasileiro e fornece 45% da oferta interna de energia. O país ocupa a oitava posição mundial na produção de petróleo e a nona em capacidade de refino. Além disso, o Brasil é o segundo maior produtor de biocombustíveis e o oitavo maior mercado consumidor, gerando 1,6 milhão de empregos diretos e indiretos.
Aumento na produção e investimentos no Pré-Sal
A produção de petróleo no Brasil está em ascensão, impulsionada pela maturação dos investimentos no pré-sal e pela entrada em operação de novas plataformas FPSOs (unidades flutuantes de produção, armazenamento e transferência). A projeção para 2025 é atingir 3,6 milhões de barris de petróleo por dia (bpd), um aumento em relação aos atuais 3,4 milhões de bpd. Esse incremento na produção deve gerar cerca de R$ 600 bilhões em *royalties*, participações especiais e comercialização do óleo da União nos próximos quatro anos.
Produção da União quebra recorde
A produção de petróleo da União também alcançou um marco histórico em outubro de 2024, superando os 100 mil barris por dia (bpd), chegando a 104 mil bpd. Este é o maior volume já registrado, impulsionado pelo excedente de produção no Campo de Sépia. O desempenho de outubro representa um aumento de 4,4% em relação a setembro. Com isso, a União se tornou a quinta maior produtora de petróleo do Brasil. A estatal Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA) estima que a produção da União pode ultrapassar os 500 mil bpd em 2030. A produção de gás natural também registrou um recorde, atingindo 255 mil metros cúbicos por dia, um aumento de 57% em relação a setembro.
A produção da União é proveniente dos contratos de partilha, estabelecidos pela Lei Federal 12.351/2010, em que empresas petrolíferas interessadas em explorar áreas licitadas oferecem ao Estado um percentual do excedente produzido. A PPSA informa que, desde 2017, a produção acumulada de petróleo da União já soma 62,5 milhões de barris e 277 milhões de metros cúbicos de gás natural. A oferta permanente da ANP contribui para este crescimento, com novos blocos no pré-sal abrindo oportunidades de exploração.
Novas áreas de exploração e geopolítica
O IBP destacou a Bacia de Pelotas como uma das novas áreas de exploração. A parte emersa da bacia ocupa cerca de 40,9 mil km² nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. A Petrobras, em parceria com a Shell, assinou 26 contratos de concessão com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para exploração da bacia, com um investimento previsto de R$ 1,5 bilhão. A Margem Equatorial também apresenta um grande potencial, podendo adicionar 1,106 milhão de barris de petróleo por dia à produção nacional a partir de 2029.
Além dos fatores internos, a geopolítica terá um papel central nos fluxos energéticos em 2025. Os conflitos internacionais, como os da Ucrânia, Rússia e Oriente Médio, influenciam diretamente a importação e exportação de petróleo. No campo macroeconômico, o IBP ressalta a importância de acompanhar a evolução dos indicadores dos Estados Unidos e da China, os principais consumidores de petróleo. A influência destes fatores macroeconômicos pode impactar diretamente os mercados financeiros, como o valor do dólar e a performance do Ibovespa.
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