A Páscoa de 2025 promete ser diferente para os amantes de chocolate. Economistas e representantes do setor preveem um cenário de menos ovos de Páscoa disponíveis e preços mais altos, reflexo do aumento expressivo no valor do cacau.
Em dezembro de 2024, a tonelada do cacau atingiu US$ 11.040 na bolsa de Nova York, um aumento de 163% em relação ao mesmo período de 2023. Essa escalada é atribuída a problemas climáticos nas principais regiões produtoras da África, que respondem por 70% do fornecimento global da amêndoa. A Costa do Marfim, líder mundial na produção de cacau, foi particularmente afetada.
O Brasil, 6º maior produtor mundial, também sofreu com o El Niño, pragas e doenças nas lavouras, resultando em queda na produção. Anna Paula Losi, presidente-executiva da Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC), aponta que a produção mundial de cacau teve seu terceiro ano consecutivo de déficit em 2024, com os países produzindo menos do que consomem.
Estratégias da indústria
A indústria chocolateira tem buscado alternativas para minimizar o impacto no bolso do consumidor. A diminuição do tamanho das barras de chocolate e o lançamento de produtos com outras misturas são algumas das estratégias adotadas.
No entanto, essas medidas podem não ser suficientes para conter os aumentos na Páscoa, já que a matéria-prima utilizada na fabricação dos ovos foi adquirida no segundo semestre de 2024, quando os preços estavam em alta.
A Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab) estima que a produção de ovos de chocolate será de aproximadamente 45 milhões de unidades em 2025, uma queda de 22,4% em relação a 2024.
Impacto nos preços
O aumento do preço do cacau já se reflete nos produtos de chocolate. Nos 12 meses anteriores a janeiro, o preço do chocolate em barra e bombom subiu 16,53%, enquanto o chocolate em pó ficou 12,49% mais caro, de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do IBGE.
Francisco Queiroz, analista da consultoria Agro do Itaú BBA, prevê que o chocolate será mais caro nesta Páscoa, pois parte da matéria-prima foi comprada no final do ano passado, quando os preços estavam mais altos. No entanto, Anna Paula Losi, da AIPC, ressalta que o cacau é apenas um dos ingredientes do chocolate, o que pode atenuar o impacto nos preços finais. É importante ficar atento às flutuações do mercado, como o dólar, que também pode influenciar nos custos.
Especialistas apontam que o Brasil tem potencial para aumentar a produção de cacau, devido ao clima favorável e à disponibilidade de áreas para cultivo. No entanto, a recuperação do setor pode levar pelo menos seis anos, tempo necessário para que um cacaueiro recém-plantado comece a produzir em larga escala.
A expectativa para 2025 é de um possível aumento da produção mundial e queda na demanda, o que poderia levar a uma melhora nos preços. No entanto, o mercado ainda é incerto e depende do desempenho da safra em andamento.
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