Economia

MPF pede que Serasa seja multada por vazamento de dados

O Ministério Público Federal (MPF) propôs uma ação contra a Serasa, solicitando uma multa de R$ 200 milhões devido a um vazamento de dados pessoais em 2021. Além disso, o MPF pede que a empresa pague R$ 30 mil de indenização para cada usuário afetado.

Iniciada pelo Instituto Sigilo, a ação civil pública coloca em foco as preocupações com a segurança de dados no Brasil. A solicitação de indenizações individuais e a imposição de uma multa substancial surgem como respostas diretas ao incidente de vazamento de dados, que expôs informações sensíveis de um grande número de consumidores.

O MPF, embasando-se na Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), no Código de Defesa do Consumidor e no Marco Civil da Internet, argumenta que a Serasa falhou em proteger os dados de seus usuários. Essa falha teria resultado na exposição não autorizada de informações pessoais, acarretando riscos de fraude e violações de privacidade.

As indenizações de R$ 30 mil por usuário refletem a gravidade do incidente e buscam compensar os afetados pelo vazamento. Este valor é defendido pelo MPF como uma medida proporcional ao dano causado e aos riscos associados.

Quanto à multa proposta de R$ 200 milhões, ela se baseia na diretriz de que a penalidade deve corresponder a até 10% do faturamento anual da empresa no último exercício, mas não pode ser inferior ao valor estipulado. A aplicação desta multa visa responsabilizar a Serasa pelos danos causados à sociedade e atuar como um elemento preventivo contra futuras negligências no tratamento de dados pessoais.

A defesa da Serasa

MPF quer que Serasa seja multada em R$ 200 milhões e pede indenização de R$ 30 mil para usuários
MPF quer que Serasa seja multada em R$ 200 milhões e pede indenização de R$ 30 mil para usuários.

Em resposta à ação do MPF, a Serasa nega a ocorrência de violação em seus sistemas de dados. A empresa afirma que não há evidências de que o suposto vazamento tenha sido originado de suas bases de dados. A Serasa também ressalta a diferença entre esta ação judicial e outras ações passadas, enfatizando que a alegação atual de indenização de R$ 30 mil por usuário não tem base em nenhuma decisão judicial existente. A empresa, em nota, “reitera sua prioridade na proteção da segurança dos dados e seu compromisso com o cumprimento da legislação brasileira“.

Entendimento do caso “Serasa”

O caso teve início em 2021, quando notícias sugeriram que a Serasa havia sofrido um vazamento de dados, afetando mais de 223 milhões de CPFs, incluindo dados de cidadãos vivos e falecidos. Este vazamento teria exposto uma variedade de informações pessoais, como históricos de compras, endereços de e-mail, dados da Previdência Social, informações fiscais da Receita Federal, além de detalhes de cartões de crédito e débito.

O MPF sustenta que investigações indicam a comercialização indevida de acesso a esses dados pessoais, com algumas informações circulando gratuitamente na internet, enquanto outras eram vendidas por criminosos. Para o MPF, essa exposição ampla e ilegal de dados pessoais coloca em risco a privacidade e a segurança dos indivíduos afetados, levando a potenciais fraudes e abusos de identidade.

Implicações Legais e Responsabilidades

A ação contra a Serasa tem implicações legais significativas, envolvendo a violação de leis importantes como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), o Marco Civil da Internet e o Código de Defesa do Consumidor (CDC). Estas leis estabelecem padrões rigorosos para a proteção de dados pessoais e a responsabilidade das empresas em casos de falhas de segurança. A LGPD, por exemplo, exige que as empresas implementem medidas técnicas e administrativas adequadas para proteger os dados pessoais de acessos não autorizados e de situações acidentais ou ilícitas de destruição, perda, alteração, comunicação ou difusão.

Além disso, a ação levanta questões sobre a responsabilidade da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) no Brasil. O MPF critica a ausência de medidas eficazes de prevenção e controle por parte da ANPD, tanto antes quanto depois do vazamento, argumentando que houve falhas na supervisão e na aplicação de protocolos de segurança de dados.

Karen Louise Jeanette Kahn, procuradora da República que atua no caso, destacou a gravidade da situação, afirmando: “Tal acesso se mostra fundamental, na medida em que lhes permitirá, além de contar com a defesa do MPF de seus direitos individuais homogêneos, ajuizar ações individuais que entenderem cabíveis pelos danos que ainda restarem constatados em seu desfavor, em especial, envolvendo possíveis violações à sua honra e à vida privada”.

Por outro lado, a Serasa, em sua defesa, reiterou: “A Serasa Experian esclarece que as notícias que fazem menção à suposta indenização de R$ 30 mil são falsas, contribuindo para confundir o consumidor. Não existe nenhuma decisão judicial nesse sentido. Importante pontuar que o pedido liminar requerido pelo MPF foi indeferido“.

Essas declarações refletem a complexidade e a importância do caso, que se desenrola no contexto das leis de proteção de dados no Brasil e da crescente preocupação com a privacidade e segurança das informações pessoais.

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Rafael Nicácio

Co-fundador e redator do Portal N10, sou responsável pela administração e produção de conteúdo do site, consolidando mais de uma década de experiência em comunicação digital. Minha trajetória inclui passagens por assessorias de comunicação do Governo do Estado do Rio Grande do Norte (ASCOM) e da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), onde atuei como estagiário. Desde 2013, trabalho diretamente com gestão de sites, colaborando na construção de portais de notícias e entretenimento. Atualmente, além de minhas atividades no Portal N10, também gerencio a página Dinastia Nerd, voltada para o público geek e de cultura pop. MTB Jornalista 0002472/RN E-mail para contato: [email protected]

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