O setor imobiliário brasileiro apresentou resultados positivos no período de janeiro a setembro de 2024. Segundo dados divulgados pelo SindusCon-SP, as vendas de imóveis registraram um crescimento de 19,7% em comparação ao mesmo período do ano anterior. Este aumento significativo também se refletiu nos lançamentos, que subiram 17,3%, e no Valor Geral de Vendas (VGV), com um incremento de 21%.
O programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) desempenhou um papel crucial nesse crescimento. As unidades enquadradas no programa representaram uma parcela significativa tanto nos lançamentos (58,7%) quanto nas vendas (43,6%). Até novembro, cerca de 500 mil unidades do MCMV já haviam sido contratadas.
Em São Paulo, os números foram ainda mais expressivos. De janeiro a setembro, os lançamentos aumentaram 44,4%, as vendas subiram 36%, e o VGV cresceu 21%. As unidades do MCMV na capital paulista mostraram um crescimento ainda maior, com alta de 94,2% nos lançamentos e 64,2% nas vendas, representando 56% do total de unidades vendidas.
O setor também registrou um aumento no crédito habitacional. De janeiro a outubro, o número de unidades residenciais beneficiadas por crédito habitacional cresceu 12,8%, totalizando 1,131 milhão de unidades. Os investimentos públicos e privados em infraestrutura também apresentaram crescimento, previstos em R$ 259,3 bilhões para 2024 (1,84% do PIB), contra R$ 224,9 bilhões em 2023.
O aumento da atividade na construção civil gerou empregos. Cerca de 230 mil empregos com carteira assinada foram criados pelas construtoras em todo o país, sendo 45 mil em São Paulo (19 mil na capital). O crescimento no emprego no setor de infraestrutura foi de 7,6%, seguido por 5,5% em edificações e 4,7% em serviços para a construção.
Apesar dos números positivos, o setor enfrenta desafios. 60,4% das empresas entrevistadas relataram dificuldades na contratação de mão de obra qualificada e com o custo dos funcionários. Para contornar essa situação, as empresas estão adotando diversas estratégias, como investimento em capacitação interna (43%), oferta de mais benefícios (28%), realocação de colaboradores (27%), mudanças de processos para reduzir a dependência de mão de obra (19%) e aumento de salários (18%).
O Índice Nacional de Custos da Construção (INCC-M) subiu 5,80% até novembro, impulsionado pelo aumento da mão de obra (7,67%), seguido de materiais e equipamentos (4,59%) e serviços (3,97%). São Paulo registrou o maior aumento do INCC-M (6,48%), seguido do Rio de Janeiro (6,36%) e Recife (6,29%).
Para 2025, o SindusCon-SP prevê um crescimento de 3% no PIB da construção, uma desaceleração em relação à projeção de 4,4% para 2024. O presidente da entidade, Yorki Estefan, acredita em uma maior velocidade de vendas e lançamentos em São Paulo, mas alerta para a possibilidade de desaceleração caso haja uma elevação significativa na taxa de juros. “Mas, se houver uma elevação maior da taxa de juros, isso poderá levar a uma desaceleração maior do que a prevista no cenário básico. Maiores os juros, menor o número de compradores de apartamentos de média e alta renda”, afirmou Estefan.
Eduardo Zaidan, vice-presidente de Economia do SindusCon-SP, destaca que, a curto prazo, os juros altos não afetam as obras já contratadas. “Mas investimentos privados e das concessões serão postergados se houver uma elevação muito alta dos juros, levando a uma desaceleração maior da atividade da construção a partir do terceiro trimestre. Juros altos também competem com a rentabilidade dos novos investimentos”, explicou Zaidan.
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