O custo do café da manhã no Brasil aumentou significativamente, com a maioria dos itens básicos registrando altas acima da inflação. Essa tendência impacta diretamente o orçamento familiar, tornando o desjejum diário mais caro.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou que a inflação acumulada de alimentos e bebidas atingiu 7,69% em 2024, superando a variação média de 4,83%.
Em São Paulo, o café em pó liderou os aumentos, com quase 67% de fevereiro do ano anterior para cá, de acordo com dados do Instituto de Economia Agrícola (IEA). Laranja e mussarela também subiram, com 31,7% e 15,59%, respectivamente. A margarina foi o único item a apresentar queda, com -2,82%.
Fabrício Tonegutti, da Mix Fiscal Inteligência Tributária, aponta o aumento do custo dos combustíveis e as mudanças climáticas como os principais fatores por trás da alta dos alimentos. Ele explica que a gasolina subiu quase 10% em um ano, enquanto o diesel foi impactado pela variação cambial e pela guerra na Ucrânia. Além disso, problemas climáticos afetaram a produção agrícola, com quatro anos de adversidades para o café, como geadas e ondas de calor.
O governo federal isentou impostos de importação sobre alguns itens da cesta básica, como carne, café, açúcar e milho, na tentativa de aliviar o orçamento familiar e conter a inflação dos alimentos. Geraldo Alckmin afirmou que o objetivo é reduzir o preço para a população e manter o poder de compra. O governo também solicitou aos estados a isenção do ICMS sobre produtos da cesta básica. Uma medida recente foi o anúncio da isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil, visando aumentar o poder de compra da população.
Ricardo Teixeira, da FGV, alerta que a medida pode ter impacto limitado, pois a maioria dos alimentos consumidos no Brasil é produzida internamente. Ele pondera que a isenção de importação pode equilibrar a oferta e a demanda, mas não necessariamente se traduz em queda imediata nos preços.
Com os preços mais altos, consumidores buscam alternativas mais baratas, como misturas de café com ingredientes mais baratos, os chamados “cafakes”. A Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic) alertou sobre produtos que se assemelham ao café, mas não o são, e podem enganar o consumidor.
Tonegutti alerta para os riscos da substituição excessiva de alimentos por produtos mais baratos, o que pode agravar a insegurança alimentar, especialmente entre a população de menor renda. Ele ressalta que a troca de alimentos mais caros por versões mais acessíveis nem sempre é possível ou saudável.
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