Economia

Inflação desacelera em março, mas alimentos pressionam o bolso do consumidor

A inflação oficial de março apresentou desaceleração, atingindo 0,56%, conforme dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (11). O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou um alívio em relação a fevereiro, quando a taxa foi de 1,31%. Apesar da melhora, a alta dos preços dos alimentos continua a pressionar o orçamento das famílias brasileiras. A exemplo do que acontece com a cesta básica em Natal que também sofre com esse impacto da inflação.

O acumulado dos últimos 12 meses do IPCA alcançou 5,48%, superando o teto da meta estabelecida pelo governo e atingindo o patamar mais elevado desde fevereiro de 2023, quando a taxa foi de 5,60%. A meta de inflação definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) é de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos, resultando em um intervalo aceitável de 1,5% a 4,5%.

O mês de março de 2025 apresentou o maior índice para o período desde 2023 (0,71%). Em comparação, março do ano anterior registrou um IPCA de 0,16%.

Em março, todos os nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE apresentaram aumento de preços:

  • Alimentação e bebidas: 1,17%
  • Habitação: 0,24%
  • Artigos de residência: 0,13%
  • Vestuário: 0,59%
  • Transportes: 0,46%
  • Saúde e cuidados pessoais: 0,43%
  • Despesas pessoais: 0,70%
  • Educação: 0,10%
  • Comunicação: 0,24%

O índice de difusão, que mede a proporção de itens que ficaram mais caros, atingiu 61%.

Alimentos em Destaque

O IBGE ressaltou que o grupo de alimentação e bebidas foi responsável por quase metade (45%) da inflação total de março. Em fevereiro, a inflação dos alimentos havia sido de 0,70%.

O resultado de março é o mais expressivo desde dezembro, quando os preços dos alimentos subiram 1,18%. Esse dado também marca uma mudança de tendência após três meses consecutivos de diminuição da inflação de alimentos. Nos últimos 12 meses, os alimentos acumulam um aumento de 7,68%.

A inflação dos alimentos é uma das principais preocupações do governo, que espera que a safra atual contribua para a redução dos preços.

A alimentação dentro do domicílio teve um aumento de 1,31% em março, enquanto a alimentação fora do domicílio subiu 0,77%.

Os principais responsáveis pelo aumento nos gastos com alimentação foram o tomate, com alta de 22,55% e impacto de 0,05 ponto percentual (p.p.); o café moído, com aumento de 8,14% e impacto de 0,05 p.p.; e o ovo de galinha, com alta de 13,13% e impacto de 0,04 p.p.. Juntos, esses itens foram responsáveis por um quarto da inflação do mês.

O gerente da pesquisa, Fernando Gonçalves, explicou que a alta do tomate é resultado do calor intenso durante os meses de verão.

“Houve uma aceleração na maturação, levando a antecipação da colheita em algumas praças. Sem essas áreas de colheita em março, houve uma redução na oferta, trazendo pressão de alta sobre os preços”, disse Gonçalves.

Em relação aos ovos, ele apontou dois fatores: o aumento do custo do milho, principal componente da ração das aves, e o período da Quaresma, quando a demanda por ovos é maior.

O café moído acumula uma alta de 77,78% nos últimos 12 meses. Fernando Gonçalves atribui o encarecimento a fatores internos e externos. Houve um aumento do preço no mercado internacional devido à redução da oferta global, causada pela quebra da safra no Vietnã devido a condições climáticas adversas, que também prejudicaram a produção nacional.

Outros Grupos

No setor de transportes, o aumento de 0,46% teve o segundo maior impacto (0,09 p.p.) em março, embora tenha ficado abaixo do registrado em fevereiro (0,61%). Esse resultado foi influenciado pelas passagens aéreas, que tiveram um aumento de 6,91%, sendo o terceiro maior impacto individual no IPCA de março.

O IBGE divide o IPCA em dois grupos: serviços, que são influenciados pela relação entre oferta e demanda, e que tiveram alta de 0,62% (em fevereiro, foi de 0,82%), e preços monitorados, controlados pelo governo e por contratos, que passaram de 3,16% para 0,18%. Inclusive, o setor de serviços da Paraíba registrou uma expansão interessante em fevereiro, mostrando a força desse segmento.

O acumulado em 12 meses da inflação de serviços subiu de 5,32% em fevereiro para 5,88% em março. Segundo Gonçalves, esse aumento está relacionado ao cenário econômico do país, com baixos níveis de desemprego. "A massa salarial estando maior acaba trazendo impulso para o consumo", explicou.

A evolução da inflação de serviços é um dos fatores considerados pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central ao definir a taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 14,25% ao mês. O ajuste da Selic é uma das ferramentas utilizadas para controlar a inflação.

INPC e Reajuste Salarial

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) também apresentou seus dados, fechando março em 0,51%. Este índice, que mede a variação dos preços para famílias com renda de até cinco salários mínimos, também demonstrou uma desaceleração em comparação com o mês de fevereiro, quando registrou 1,48%. O acumulado em 12 meses do INPC é de 5,20%.

A principal diferença entre o IPCA e o INPC reside no público-alvo: o INPC avalia a inflação para famílias com renda de até cinco salários mínimos, enquanto o IPCA abrange famílias com renda de até 40 salários mínimos. Atualmente, o salário mínimo está fixado em R$ 1.518.

Os alimentos exercem um peso maior no INPC (25%) do que no IPCA (21,86%), refletindo o fato de que famílias de menor renda gastam uma proporção maior de seus rendimentos com alimentação. Por outro lado, o preço das passagens aéreas tem um peso menor no INPC em comparação com o IPCA.

Em março, os produtos alimentícios foram os que mais pressionaram o INPC, com um aumento de 1,08%, representando um impacto de 0,27 ponto percentual (p.p.), ou seja, mais da metade do índice.

Confira o desempenho dos grupos que compõem o INPC em março:

  • Alimentação e bebidas: 1,08%
  • Habitação: 0,21%
  • Artigos de residência: 0,21%
  • Vestuário: 0,46%
  • Transportes: 0,26%
  • Saúde e cuidados pessoais: 0,44%
  • Despesas pessoais: 0,70%
  • Educação: 0,08%
  • Comunicação: 0,19%

A coleta de dados para ambos os índices é realizada em dez regiões metropolitanas (Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Vitória, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre), além de Brasília e das capitais Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís e Aracaju.

O INPC tem um impacto direto na vida de muitos brasileiros, pois o acumulado dos últimos 12 meses é frequentemente utilizado para calcular o reajuste salarial de diversas categorias ao longo do ano. O salário mínimo, por exemplo, utiliza os dados de novembro para seu cálculo. O seguro-desemprego, o benefício e o teto do INSS são reajustados com base nos resultados de dezembro.

De acordo com o IBGE, o INPC tem como objetivo corrigir o poder de compra dos salários, medindo as variações de preços da cesta de consumo da população assalariada de baixa renda.

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Rafael Nicácio

Co-fundador e redator do Portal N10, sou responsável pela administração e produção de conteúdo do site, consolidando mais de uma década de experiência em comunicação digital. Minha trajetória inclui passagens por assessorias de comunicação do Governo do Estado do Rio Grande do Norte (ASCOM) e da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), onde atuei como estagiário. Desde 2013, trabalho diretamente com gestão de sites, colaborando na construção de portais de notícias e entretenimento. Atualmente, além de minhas atividades no Portal N10, também gerencio a página Dinastia Nerd, voltada para o público geek e de cultura pop. MTB Jornalista 0002472/RN E-mail para contato: rafael@oportaln10.com.br

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