O mercado financeiro brasileiro enfrentou um dia de turbulência nesta segunda-feira, com o Ibovespa fechando em forte queda e o dólar atingindo um novo pico histórico. A instabilidade foi impulsionada pela crescente preocupação com o cenário fiscal do país e a ausência de uma data definida para a votação de medidas econômicas na Câmara dos Deputados.
O principal índice da bolsa de valores brasileira, o Ibovespa, encerrou o dia com uma queda de 0,84%, aos 123.560 pontos, aproximando-se da mínima diária de 123.495 pontos. Das 87 ações que compõem o índice, 58 fecharam no campo negativo. A última vez que o índice havia fechado abaixo dos 124 mil pontos foi em janeiro deste ano.
Operadores de mercado relataram que a aversão ao risco aumentou devido à falta de clareza sobre a aprovação do pacote fiscal, com receios de que as medidas propostas possam ser desidratadas. A situação demandaria, segundo relatos, uma ação mais incisiva do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para garantir a efetividade das propostas.
Destaques da sessão:
- Ações da Automob, resultante da cisão do braço de concessionárias da Vamos, dispararam 180,09%, atingindo R$ 0,47.
- Os papéis do GPA tiveram alta de 15,61%, em meio a especulações de que o investidor Nelson Tanure estaria aumentando sua participação na empresa. No entanto, informações apuradas pelo Valor apontam que não houve elevação da fatia do investidor.
O volume financeiro negociado foi de R$ 16,6 bilhões, abaixo dos R$ 17,1 bilhões da sessão anterior. Na B3, o giro financeiro totalizou R$ 22,7 bilhões.
Dólar em Nível Histórico
O câmbio brasileiro sofreu uma deterioração significativa, levando o dólar a atingir uma nova máxima histórica de fechamento. A moeda americana encerrou o pregão cotada a R$ 6,0942 no mercado à vista, com alta de 0,99%, próximo da máxima do dia de R$ 6,0980. Nem mesmo a intervenção do Banco Central, com a venda de US$ 1,63 bilhão, conseguiu impedir a alta da moeda. O BC já havia vendido US$ 845 milhões em reservas para conter a alta do dólar em outras ocasiões, sem sucesso.
O aumento dos prêmios de risco, impulsionado pelas incertezas fiscais, impediu um alívio mais consistente do real. O euro comercial também apresentou alta, fechando a R$ 6,4045, com valorização de 1,12%.
Mercados Internacionais
Enquanto o mercado brasileiro sofria, as bolsas de Nova York tiveram um desempenho misto. O Dow Jones recuou 0,25%, pressionado pela queda das ações da Nvidia e da UnitedHealth. Em contrapartida, o S&P 500 subiu 0,38% e o Nasdaq avançou 1,24%, impulsionado pela alta da Broadcom e da Tesla.
Na Europa, os principais índices acionários fecharam em queda, com destaque para o setor automotivo. O índice Stoxx 600 recuou 0,12%, enquanto o DAX de Frankfurt, o FTSE de Londres e o CAC 40 de Paris apresentaram perdas de 0,45%, 0,46% e 0,71%, respectivamente.
Os mercados europeus foram afetados por dados fracos dos PMIs de dezembro na zona do euro, que indicam uma economia fragilizada. A incerteza política na Alemanha e na França, as duas maiores economias da região, também contribuiu para o pessimismo. Além disso, a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, sinalizou que a autoridade monetária pode continuar a reduzir as taxas de juros, diante das ameaças de tarifas comerciais pelos Estados Unidos.
Os investidores também aguardam com cautela a decisão do Federal Reserve (Fed) na quarta-feira, que pode realizar um corte de 0,25 ponto percentual nas taxas de juros. As possíveis orientações para o futuro dos juros também são um ponto de atenção, especialmente após a desaceleração da queda da inflação.
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