O ano de 2024 encerra com um panorama econômico complexo para o Brasil, marcado por indicadores positivos como o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e recorde no número de empregos, mas também por desafios como a alta da inflação, dos juros e a forte valorização do dólar. O governo, por sua vez, busca reestruturar empresas estatais e oferecer suporte a pequenos negócios para impulsionar o crescimento econômico.
Um dos principais pontos de debate foi a situação financeira das estatais. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, contestou um levantamento do Banco Central que apontava um déficit de R$ 6,04 bilhões em 13 empresas estatais não dependentes do Tesouro. Haddad argumentou que a contabilidade das estatais difere da pública e que investimentos podem ser contabilizados como déficit, o que não representaria prejuízo real. A ministra da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, corroborou essa visão, defendendo que a avaliação da saúde financeira dessas empresas deve ser feita com base na contabilidade empresarial, que considera o tempo de amortização dos investimentos.
Dweck também ressaltou que, das 13 empresas analisadas, nove registraram lucro e pagaram dividendos aos acionistas. Ela explicou que aportes do Tesouro em anos anteriores geraram superávit, que foi mantido em caixa, enquanto diversas estatais foram incluídas no Plano Nacional de Desestatização. Com a retirada do plano, as empresas puderam retomar investimentos, o que gerou o déficit apontado pelo Banco Central, sem representar prejuízo real. Entretanto, a ministra admitiu que três estatais, incluindo os Correios, apresentaram prejuízo. O governo, segundo ela, está atento à situação e planeja a reestruturação dessas empresas para melhorar sua saúde financeira.
Outro destaque positivo é o mercado de trabalho. A taxa de desocupação atingiu 6,1% em novembro, o menor índice desde 2012, com 103,9 milhões de pessoas ocupadas, um recorde. O número de trabalhadores com carteira assinada também alcançou o pico, com 39,1 milhões. O rendimento médio do trabalhador subiu 3,4%, alcançando R$ 3.285, enquanto a massa de rendimentos atingiu R$ 332,7 bilhões, um aumento de 7,2% em um ano. O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) registrou um saldo positivo de 2,2 milhões de empregos formais entre janeiro e novembro de 2024.
O PIB apresentou um crescimento de 0,9% no terceiro trimestre, impulsionado pela indústria e serviços, com 13 expansões consecutivas. No acumulado de quatro trimestres, o crescimento da economia alcançou 3,1%, destaque entre o G20. No entanto, o nível de investimento ainda preocupa.
A inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), acumula 4,87% nos 12 meses até novembro, superando a meta do governo. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) fechou em 4,84%. O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), usado em contratos de aluguel, encerrou o ano em 6,54%, contrastando com a deflação de 2023.
A alta da inflação levou o Comitê de Política Monetária (Copom) a elevar a taxa básica de juros, a Selic, que encerra o ano em 12,25% ao ano. A alta da taxa de juros tem como objetivo conter a inflação, mas também desestimula investimentos e a criação de empregos.
O dólar também registrou forte alta, com valorização de 27% ao longo de 2024, fechando o ano a R$ 6,18. O Banco Central realizou leilões de dólar para tentar conter a alta da moeda estrangeira, mas fatores internos e externos pressionaram a cotação. O Boletim Focus elevou a previsão do preço do dólar para 2025, projetando uma média de R$ 5,96.
O governo federal também lançou o programa Desenrola Pequenos Negócios, que permitiu a renegociação de aproximadamente R$ 6 bilhões em dívidas, beneficiando cerca de 95 mil microempreendedores individuais (MEIs), microempresas e empresas de pequeno porte. Os descontos nas dívidas chegaram a 95%. Além disso, o programa Regularize oferece condições para a quitação de débitos do Simples Nacional, com parcelamentos de até 133 meses e descontos de até 100% em juros e multas.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou o decreto de nomeação de Gabriel Galípolo para a presidência do Banco Central, que assume o cargo em 1º de janeiro, substituindo Roberto Campos Neto. Outros três diretores também foram nomeados para a instituição. Além disso, o presidente assinou decreto que eleva o salário mínimo para R$ 1.518 a partir de 1º de janeiro de 2025, o que representa um aumento acima da inflação.
O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo, encerrou o ano com 120.283 pontos, praticamente o mesmo patamar de antes da pandemia. As ações da Aeris, Brasken e Azevedo & Travassos registraram as maiores quedas no ano, enquanto a Americanas teve um aumento expressivo no último pregão, embora acumule queda de 93,19% no ano.
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